ATA DA OCTOGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 08.10.1997.
Aos oito dias do mês de outubro do ano de mil
novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Décio
Schauren, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, João Dib, Juarez Pinheiro, Lauro
Hagemann, Maria do Rosário, Paulo Brum, Reginaldo Pujol e Renato Guimarães.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Antônio
Losada, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Eliseu
Sabino, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João
Carlos Nedel, João Motta, José Valdir, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Pedro Américo
Leal, Pedro Ruas, Sônia Santos e Tereza Franco. Constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou
a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Octogésima Quarta Sessão
Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Isaac
Ainhorn, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Juarez Pinheiro, o Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 26/97 (Processo nº 3021/97); pelo Vereador
Nereu D'Ávila, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 25/97 (Processo
nº 3011/97); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências. Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 441 e 442/97, do Senhor Prefeito Municipal de
Porto Alegre; 14/97, do Senhor Clóvis Assmann, Presidente da Federação das
Associações de Municípios do Rio Grande do Sul - FAMURS, e do Senhor José
Carlos Rassier, do Fórum Permanente do Mercosul; 127/97, do Senhor Tirone Lemos
Michelin, Presidente do Rotary Club Porto Alegre Beira-Rio; 273/97, do Senhor
Valmor Perla, Vice-Presidente da União dos Vereadores do Rio Grande do Sul -
UVERGS; Convites: do Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e
Ação - GEEMPA, da Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero - THEMIS, do
Ministério de Educação e Desporto - MEC, e das alunas do Projeto "O Prazer
de Ler e Escrever de Verdade", para a cerimônia de formatura; do Coronel
MB José Carlos Comel, Diretor Interino de Armamento e Munição, para a
solenidade de passagem de Direção da DAM ao General de Divisão Dilermando
Carlos Soares Adler; Impressos: da Gerência da Companhia Estadual de Energia
Elétrica de Rio Grande - CEEE/RS, divulgando o II Simpósio de Conservação de
Energia; da Frente Nacional dos Municípios Agrícolas - FENAMA, enviando o
documento "Plante esta Idéia"; do Sindicato dos Jornalistas/RS,
convidando para as solenidades comemorativas aos cinqüenta e cinco anos da
entidade; Telegramas do Senhor Antônio Britto, Governador do Estado do Rio
Grande do Sul. Em PAUTA,
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 0232/95 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 004/95, de autoria do Ver. João
Dib, que proíbe construções em parques municipais e dá outras providências. Com Emendas nºs 01, 02 e 03, e Substitutivo
nº 01.
PROC. 2758/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 168/97, de autoria da Vera. Tereza
Franco, que autoriza o Executivo Municipal a indenizar os detentores de mandato
eletivo municipal cassados por Ato Institucional do Governo Militar.
2ª SESSÃO
PROC. 2407/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 141/97, de autoria do Ver. João
Motta, que institui o Memorial dos Povos Indígenas do Sul e dá outras
providências.
3ª SESSÃO
PROC. 2060/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 126/97, de autoria do Ver. Adeli
Sell, que dispõe sobre a instalação de sistema de monitoração e gravação
eletrônica de imagens através de circuito fechado de televisão em
estabelecimentos financeiros e dá outras providências.
PROC. 2410/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 024/97, de autoria do Ver. João Motta, que institui o Prêmio de Cidadania e Direitos Humanos Sepé Tiaraju e dá outras providências. Com Substitutivo nº 01.
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra, o Ver. João Dib para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, há jóias literárias que, de vez em quando, é bom
que sejam lidas:
“Porto Alegre, 31 de março
1989. Prezada Senhora: Conforme reunião realizada em meu gabinete no dia 20 de
março, com a participação de V.Sa.; do Secretário do Meio Ambiente, Caio
Lustosa; da Presidente do MAPA, D.Judith Dutra; e respectivas assessorias,
passo a expor o que foi estabelecido em relação à destinação da área ao lado do
Ginásio Gigantinho.
Ficou acertado que será
vedada a locação do terreno acima mencionado para circos ou atividades que
possam trazer poluição sonora ou de qualquer outra espécie aos moradores da
região, ficando esta área reservada para estacionamentos ou outras destinações
não poluentes a critério do Município. O MAPA, juntamente com a Secretária do
Meio Ambiente, ultimará estudos para garantir a manutenção de espetáculos
circenses em outra área, tendo sido assinalada a possibilidade de uso de um
terreno próximo ao Green Park, com assentimento dos moradores do Bairro Menino
Deus. Atenciosas saudações, Tarso Genro, Secretário do Governo.”
Que diferença, quando se
escreve uma coisa e quando se pratica outra! Até hoje, ouvi o Diretório
Metropolitano do PT dizendo que a pista de eventos deve ser colocada no Parque
Marinha do Brasil, desconhecendo que existe uma Lei Complementar nº 268,
desconhecendo que existe uma decisão judicial na qual o terreno em Pauta está
contemplado. E é por isso, Sr. Presidente, antes que alguém fale que eu não
estou na Pauta, que eu estou falando nessas coisas, porque elas estão na Pauta
do dia de hoje - projeto de minha autoria disciplinando construções em parques.
Esse Projeto vem tramitando há muito tempo e vai e volta, tira, retira,
substitui, emenda. Creio que agora é chegada a hora de votar. Até porque, de
repente, um Vereador da Câmara Municipal aconselha o Executivo a se manifestar
sem audiência da Câmara Municipal. Quer dizer, vereador é vereador da Câmara
Municipal, não importa qual seja a posição que ele ocupa. Ele até pode dizer:
“Eu considero que a Câmara não precisa ser ouvida”. Agora, aconselhar, quando a
Câmara está discutindo o problema, parece-me uma coisa muito séria. Por isso é
chegado o momento de fazer mais uma lei, porque o Partido dos Trabalhadores,
que tem a Prefeitura sob o seu comando, não é muito chegado ao cumprimento da
lei.
O Sr. Juarez
Pinheiro:
V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sem interromper o discurso
de V. Exa, queria só salientar da ilegalidade, da inorganicidade da sua
iniciativa, sem discutir o mérito, que ainda não conheço. Mas, por óbvio, fere
dispositivo da Lei Orgânica Municipal.
O SR. JOÃO
DIB: Eu não
entendi bem o aparte de V. Exa. A proposição que eu encaminhei proibindo? Não é
inorgânico, não; é absolutamente correto. E até já existe lei nesse sentido, só
que, quando foi feita essa lei, a Cidade não tinha recebido as administrações
de Telmo Thompson Flores, Guilherme Socias Villela. Só tinha um parque. Na lei
diz que, no Parque Farroupilha, não pode haver construções. Depois que passou o
Telmo Thompson Flores, o Villela, a Cidade tem muitos parques: Marinha do
Brasil, Parque da Harmonia, Vinte de Maio, Parque Humaitá, Moinhos de Vento.
Então, há a necessidade de uma lei que discipline a construção ou não em
parques.
Mas, Sr. Presidente, não
posso encerrar o meu pronunciamento sem antes dizer aos meus queridos colegas:
saúde e paz. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para discutir a Pauta.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que me traz à tribuna são alguns projetos
que estão na Pauta e quero saudar com muita alegria uma proposição sobre a qual
não conversei ainda com o Governo o qual represento e tampouco com a nossa
bancada.
Na semana passada, quando
soube que havia sido protocolado o Projeto de Lei de autoria da Vera. Tereza
Franco autorizando ao Executivo Municipal a indenização dos detentores de mandato
eletivo municipal cassados por ato institucional do Governo Militar, confesso
que fiquei bastante emocionada e feliz. Feliz pela possibilidade que temos de
refletir sobre essa matéria, sobre a história da própria Câmara Municipal de
Porto Alegre, sobre a importância da contribuição de cada um dos Vereadores e
Vereadoras que passaram por esta Casa e que aqui estão e de afirmarmos,
Vera.Tereza Franco, que aquele período militar foi de exceção, no qual pessoas
legitimamente eleitas foram retiradas da sua função e, com elas, retirado todo
o povo. Houve um desrespeito não-somente àquelas pessoas lutadoras, mas
especialmente ao povo que as elegeu.
Quero fazer uma declaração,
um ponto de vista extremamente pessoal, de carinho para com esta proposta
trazida à Câmara Municipal de Porto Alegre pela Vera. Tereza Franco. Acredito
que a avaliação da Procuradora Dra. Susiane Bicca Mespaque está absolutamente
correta quanto à perspectiva dos chamados vícios de origem, mas isso não nos
atinge na deliberação, na disposição da Vera. Tereza Franco, que deve, sem
dúvida, nos contagiar, de fazermos justiça e de, mais uma vez, fazermos uma
referência ao que é mais importante para este País, que é a luta pela
democracia. Cumprimento a Vera. Tereza Franco pela coragem, pela disposição,
pelo espírito democrático e por nos lembrar da nossa disposição.
Quero também me referir a
dois outros projetos, um deles, Srs. Vereadores, de autoria do Ver. Adeli Sell,
que dispõe sobre a instalação do sistema de monitoração e sistema de gravação
eletrônica de imagens. Em conversa com o Ver. Adeli Sell, apresentei-lhe as
razões da minha preocupação. Somos colegas Vereadores e aqui quero partilhar a
minha preocupação. Ocorre que, mesmo sendo partidária de que possamos legislar
sobre matérias que poderiam ser privativas do Executivo, mas, como contribuição
à Cidade e sanado o vício de origem pela ação do Executivo Municipal, essa
matéria tem sido muito maltratada pelos setores empresariais. Vejam V. Exas que
o Ver. José Alvarenga, Vereador da Bancada do PT no período de 89 a 92 - me
socorre o Ver. José Valdir, que já era Vereador e acompanhou de perto o
processo -, ingressou com uma proposição referente a portas. Aprovada por esta
Casa a proposição do Ver. José Alvarenga, durante mais de seis ou sete anos
tramitou em juízo lei de Porto Alegre, sancionada pelo Prefeito de então, e os
setores organizados, juntamente com os setores empresariais, dos bancos,
reivindicavam a impossibilidade de a Câmara Municipal legislar sobre matéria
dessa natureza. Nós superamos essa questão. Quando o Executivo enviou para a
Câmara Municipal de Porto Alegre uma proposição, foi ela aprovada a partir da
proposição do Executivo e, então, nós conseguimos, em juízo, garantir esses
dispositivos de segurança como matéria de Porto Alegre.
Eu concluo, dizendo que sou
favorável aos projetos autorizativos, mas é preciso fazermos uma leitura das
implicações de cada um, porque não basta, nesta matéria, a sanção do Executivo.
Um longo processo judicial poder-se-á ter sem que tenhamos efeito positivo, que
é o que pretende, tenho certeza, o Ver. Adeli Sell. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, hoje está correndo Pauta, em terceira Sessão, o
Projeto de Lei que a minha nobre colega Vera. Maria do Rosário acaba de
discutir. Ela aborda questões importantes, com as quais eu me preocupei antes
de fazer tramitar esse Projeto de Lei nesta Casa.
Tive a paciência de me
assessorar com técnicos da área e de fazer uma série de visitas a quem deve
cuidar da segurança pública do nosso Estado. Tive uma audiência com o
Secretário Eichenberg, da Secretaria de Segurança Pública, com o Comandante
Geral da Brigada, Sr. Dilamar da Luz, com o Comandante do Policiamento da
Capital, Sr. Bonetti, com a Policia Federal, Corpo de Bombeiros e outras
instituições.
Anexa a esse Projeto de Lei,
coloco uma série de documentos que lhe dão sustentação. A Polícia Federal,
inclusive, é contundente acerca da sua legalidade. Vejam o que diz o Sr.
Jocelino Luiz Rodrigues dos Santos ao se manifestar em nome da Polícia Federal
do nosso Estado: “O inciso I do art. 2º da Lei nº 7102/83 dispõe sobre a
obrigatoriedade de os estabelecimentos financeiros possuírem equipamentos que
dificultem a ação ou possam facilitar a identificação dos criminosos.” E
transcreve exatamente nesse particular.
Anexei também um longo
documento do Sr. Ricardo Rusowski, Presidente do Sistema Financeiro Estadual,
Banrisul, em que faz uma série de afirmações e, em nenhum momento, se opõe ao
Projeto. Trago também, do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia do Rio Grande do Sul, um documento assinado pelo Arquiteto Osni
Schereder, ao Sr. Presidente, que fez com que esta instituição tomasse posição.
E vejam o que diz o CREA: “Entendem aqueles órgãos especializados que a
iniciativa em foco é merecedora de aplausos na medida em que busca resguardar a
incolumidade dos trabalhadores e usuários das instituições financeiras que
operam no Município, preocupação que a legislação proposta consolida ao exigir
que as vistorias das instalações sejam atribuídas a empresas legalmente
registradas no CREA, na forma da Lei Federal 5.194/66 e da Resolução 336/89, do
Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CONFEA.” Inclusive, a
nossa Procuradora havia-me perguntado acerca dessa Resolução do CONFEA e fiz
questão de anexá-la ao Projeto de Lei.
A Secretaria de Justiça do
Estado, a Brigada Militar, em nome do Comando, também me mandaram um ofício
favorável, inclusive propondo que seja alargado o período de gravação. Além
disso, anexei os acórdãos da 1a. Câmara Cível de Porto Alegre, que tratam
exatamente dessa questão da segurança nos bancos, e o juiz que subscreve faz
questão de mencionar os altos ganhos das instituições financeiras e, portanto,
devem ter uma contrapartida com a segurança do cidadão.
Hoje vejo nos jornais que
mais assaltos houve aqui na Capital e no interior. Ontem uma agência do Banco
do Brasil foi assaltada, e aqui, em Porto Alegre, por duas vezes, outra
instituição, em poucos dias, também foi assaltada. Também tenho em mãos uma
pesquisa feita na Região Metropolitana, onde um dos três itens de preocupação
dos cidadãos é a segurança pública e a violência. Por isso, apresento, defendo
e espero contar com o apoio dos Srs. Vereadores. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra, o Ver. Fernando Záchia. Ausente. Ver. Reginaldo Pujol. Desiste.
Ver. Cláudio Sebenelo, V.
Exa. está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de salientar o magnífico Projeto,
independente de qualquer apreciação de ordem jurídica, da Vera. Tereza Franco,
que, indubitavelmente, repõe e faz justiça ao detentor de mandato eletivo
municipal cassado por ato institucional do Governo Militar na escura noite da
ditadura militar brasileira.
Queria também dizer ao Ver.
Adeli Sell que talvez seja um dos projetos de grande conteúdo humano que esta Casa
apresenta - acho que a unanimidade da Casa vai aprovar - para a proteção aos
funcionários e aos depositantes das instituições bancárias, que se sentirão
mais protegidos. Há uma diminuição sensível na agressão às agências bancárias
quando se estabelecem mecanismos que dificultam a ação dos assaltantes. Não há
dúvida de que o Projeto é muito feliz.
O Ver. João Dib propõe a
proibição de construções em parques municipais e dá outras providências. Acho
muito oportuno, muito perfeito, sem qualquer vício de origem, até porque
estamos diante de um dos grandes problemas que o Município de Porto Alegre,
através da sua Administração, vai provocar para a comunidade de Porto Alegre,
especialmente a do Menino Deus, onde pretende construir um parque de eventos,
projeto esse que é proibido por quatro dispositivos legais muito claros,
inclusive pela Lei Complementar 268, art. 7º, que diz que é vedado, no Parque
Marinha do Brasil, qualquer tipo de construção. Está assinado pelo
Vice-Prefeito Tarso Genro.
Por outro lado, por ser a
área das margens do Guaíba de conservação permanente, é intocável, e mais ainda
devido ao Plano Diretor, que diz, textualmente, que é indispensável a consulta
às associações. E não é só isso: a população do Menino Deus não quer, não
deseja, e isso é fundamental. Não adianta dizer que democracia é ouvir. Não é
só ouvir. Há unanimidade da população do Menino Deus em relação a esse assunto,
e está claríssimo na lei: não precisa consultar a população de Porto Alegre,
não, mas a população do Menino Deus. É texto explícito no Plano Diretor.
É indiscutível que há um
desserviço à Cidade de Porto Alegre, mas especialmente aos moradores do Menino
Deus com a construção de uma pista de eventos, que principalmente a população
não deseja e é visceralmente contra a lei. É impossível que, por uma atitude
tecnocrática, a Justiça não acolha esse pedido contra a construção da pista de
eventos formalmente, ilegal e indesejada declaradamente pela unanimidade da
população do Bairro Menino Deus e arredores, das proximidades do Estádio
Beira-Rio e do Parque Marinha do Brasil, onde, num momento muito infeliz, a
tecnocracia instalada no Paço Municipal quer, contra os desejos da população,
aquela pista de eventos.
Por isso, é da maior
felicidade o Projeto de autoria do Ver. João Dib que proíbe a construção em
parques municipais e dá outras providências. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. RENATO
GUIMARÃES:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é interessante destacar, neste debate, a
questão da construção em parques e praças que, na proposição do Ver. João Dib,
olhando o processo todo, tem um Substitutivo que aponta para uma possibilidade
de que este conjunto de iniciativas possa ser feito após a aprovação de um
Projeto de Lei específico. Também é interessante lembrar à Casa que nós não
podemos construir, para uma cidade como Porto Alegre, um conjunto de leis que
seja uma camisa de força para o seu crescimento cultural, para o seu crescimento
em nível de infra-estrutura. Lembro isso para não fazermos aqui a discussão de,
simplesmente, a partir de um Projeto de Lei, tentar resolver uma questão que,
no fundo, é muito mais cultural, que é a discussão que se faz hoje em Porto
Alegre sobre a pista de eventos, pista de eventos que tem que ser caracterizada
como tal: é uma pista de eventos para os desfiles cívicos, para os desfiles
militares, para os desfiles da Semana Farroupilha, para os desfiles nativistas,
para um conjunto de atividades culturais e, também, para as atividades que se
realizam no começo de cada ano, que são as realidades culturais do carnaval.
A discussão toda que se faz
hoje sobre uma pista de eventos tem que ser caracterizada como tal, não uma
pista apenas para as atividades do carnaval.
Gostaria de contribuir,
também, com o Projeto de Lei da Vera. Tereza Franco que autoriza o Executivo
Municipal a indenizar os detentores de mandato eletivo municipal cassados pelo
Ato Institucional. Eu acho que o Projeto da Vereadora vem em boa hora para nos
lembrar da necessidade de fazer justiça aos companheiros e companheiras que,
naquele escuro momento da vida nacional, tiveram os seus direitos, as suas
garantias legais negadas. Então, o Projeto da Vera. Tereza Franco vem nesse
sentido. Vamos fazer a discussão sobre os seus aspectos legais, mas ele é
positivo porque resgata a história desses companheiros que tiveram seus
direitos cassados em um momento de autoritarismo da nossa sociedade. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Encerrada a Pauta. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, registro uma correspondência que recebi e que
provavelmente outros Vereadores também receberam, firmada pelo condomínio do
Edifício Jardim Germânia, na Rua Otávio Dutra nº 174, representando a comissão
de moradores daquele prédio e assinado pelo Sr. Daimar Paulo, enfocando o tema
que aqui, hoje, outros Vereadores já falaram, que é a implantação da chamada
pista de eventos no Menino Deus, no Parque Marinha do Brasil.
A correspondência lembra que
o movimento é absolutamente apartidário e, portanto, é indiferente saber de
qual partido é a Administração Municipal, mas que a preocupação da população é
fazer a defesa dos aspectos legais e a questão do mérito da situação. Cita a
Lei nº 3.071, que proíbe expressamente a implantação da pista de eventos
naquele local; cita o art. 237 da Lei Orgânica, que exige a expressa
autorização da Câmara Municipal e a concordância da população, através do
plebiscito, e depois tenta repelir esse jogo sórdido que a Administração
Municipal vem tentando implementar contra os moradores do Menino Deus, que é
tentar sugerir que a oposição dos moradores à colocação da pista significa
preconceito e racismo, reduzindo, contraditoriamente, o uso da pista de eventos
apenas ao carnaval e como se fosse apenas interesse dos negros brasileiros e
dos negros da Cidade de Porto Alegre.
Quero ratificar o que tenho
dito em diversas ocasiões, em debates públicos, que acho profundamente
autoritária e sectária a maneira pela qual a Administração Municipal vem
tratando do assunto. Agora, preocupei-me muito mais - e fico satisfeito que o
Ver. Guilherme Barbosa se encontre em Plenário, pois não gosto de falar na
ausência de Vereador - com a nota do “Correio do Povo” de hoje, que atribui a
V. Exa., na condição dupla de Vereador e de Presidente Municipal do PT, a
recomendação do Prefeito Municipal para que não ouça a Câmara Municipal, não
encaminhe à Câmara Municipal o projeto acerca da pista de eventos.
Ora, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu gostaria muito de ouvir o Ver. Guilherme Barbosa sobre o
assunto, porque particularmente eu acho que se deve, sim, saber separar
funções; há momentos, até, em que as funções têm que ser separadas. Agora,
entendo que é muito difícil alguém que tem uma função política no interior do
partido e é, ao mesmo tempo, integrante de um corpo público, como é a Câmara
Municipal, defender que este corpo público deva ser alijado de uma decisão que,
além do mais, lhe compete por instância básica.
Confesso aos Srs. Vereadores
que hoje, ao ler o jornal, eu realmente me engasguei. Raras vezes fico surpreso
com situações. E quero crer que o Ver. Guilherme Barbosa dirá que o jornalista
se enganou, não entendeu bem. Será lamentável se houver a confirmação sobre
esse episódio. Porque eu acho que aí, sim, chega-se a um nível de ética, ética
inclusive do Vereador, ética que o Código de Ética - tantas vezes defendido
pelo Ver. João Verle e tantas vezes buscada a sua aprovação pela Bancada do PT
- de uma certa maneira prevê. Um Vereador que desrespeita a própria Casa, que
desclassifica a própria Casa, parece-me que realmente confronta-se diretamente
com o próprio Código de Ética desta Casa. Além do que, se confirmado, o Sr.
Vereador, na condição de Presidente, terá demonstrado apenas duas coisas: mau
conselho e, sobretudo, a ignorância com relação à legislação que ele deveria
conhecer e jurou defender.
Ver. José Valdir, V. Exa.
ouça o que estou dizendo e eu ficarei muito agradecido a V. Exa. Eu acabei de
dizer que espero que o Ver. Guilherme Barbosa desminta. Enquanto ele não
desmente, eu realmente estou preocupado e estou expressando essa minha
preocupação, que é o meu direito e a minha obrigação. Aliás, se eu fosse V.
Exa., Ver. José Valdir, eu também estaria preocupado, porque, se nós
desclassificarmos esta Casa, realmente estaremos abrindo um fosso para o
próprio papel fundamental desta instituição.
Na conclusão, quero deixar
expresso que gostaria de ouvir o Ver. Guilherme Barbosa, porque, de fato, é
fundamental o debate aqui na Casa. Esta é a instância básica, não porque nós
queremos, Ver. Nereu D'Ávila, mas porque essa é a atribuição desta Casa, e
dessa atribuição, pelo menos no que me toca, eu não vou abrir mão de maneira
nenhuma. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, como sempre, estava no Plenário,
diferentemente de outros Vereadores que vêm de vez em quando.
Também não gostei do que
saiu no “Correio do Povo” porque, Ver. Antonio Hohlfeldt, ontem não falei com
nenhum repórter do “Correio do Povo”. E a gente sabe qual é o repórter do
“Correio do Povo” que cobre aqui. Fui acessado por telefone pelo repórter
Renato Sagreira, da Rádio Guaíba, que soube - também não sei como - de um fato
verdadeiro: que na segunda-feira passada, dia 6, fizemos no PT municipal uma
discussão sobre a pista de eventos, uma belíssima reunião, com a presença do
Secretário Burmeister, da Secretária Margarete, da arquiteta Leonora Ulrich, de
outras pessoas do Executivo e da nossa Direção Municipal. Nós não tínhamos
nenhuma deliberação de, naquela ocasião, tirar uma posição da Direção Municipal
sobre isso. Nós vamos tirá-la, possivelmente, na semana que vem. Mas a idéia
era exatamente ouvir o Governo, debater o assunto e ter uma posição formal
sobre o encaminhamento de construir uma pista de eventos ao lado do Gigantinho.
E o repórter perguntou como tinha sido o debate e tudo o mais. Eu citei as
posições do Executivo, as razões do Executivo, e que ele considera que não há
necessidade de encaminhar um Projeto de Lei para a Câmara Municipal. Estava
presente a Assessora Jurídica do Prefeito, a advogada Etelvina Guimarães, que
colocou as razões e visão do Executivo da não-necessidade de encaminhar um
Projeto de Lei à Câmara, baseado num artigo da Lei Complementar nº 43/79, que é
o nosso Plano Diretor ainda vigente. Num conceito de parque urbano, em parque
urbano - o próprio Plano Diretor permite isso - há a possibilidade de
construção de equipamento de esporte e lazer. Ao relatar esta posição do
Executivo, ele me perguntou: “O que o Sr. acha?” Eu disse: “Eu acho que o
Governo tem razão”.
Este foi o contato realizado
entre a minha pessoa, enquanto Presidente do PT, em Porto Alegre, e a Empresa
Jornalística Caldas Júnior, com o repórter Renato Sagreira. Ninguém do jornal
“Correio do Povo”. Então, esta é a questão.
Agora, com relação ao
assunto propriamente dito, nunca houve uma manifestação, nem nossa, aqui na
Câmara, nem do Governo, que diga que a mobilização que ocorre no Bairro Menino
Deus é uma mobilização apenas de pessoas preconceituosas no que diz respeito à
raça ou com relação ao carnaval. Mas que isso também existe acho que não tem
dúvida. Que algumas poucas pessoas estão envolvidas nisso não tem dúvida. Basta
ver o que está escrito nas faixas. Mas há muitas outras pessoas, e, com
certeza, a maioria, que é contra pelas razões de ruído, de trânsito e tudo o
mais, que é um debate de conteúdo, inclusive. O Governo está preocupado com
isso, contratando empresas especializadas para reduzir ao máximo o dano que o
ruído possa trazer à comunidade.
Então, esta é a verdade,
Ver. Antonio Hohlfeldt. Não significa, ao avaliar, como disse o Executivo, que
não precisa considerar assim esta avaliação; não significa nenhum menosprezo
para com esta Casa, que eu acho que tem um papel importante. A Casa já está
fazendo parte do processo de uma maneira ou de outra, como houve a reunião com
a comunidade com a presença de vários Vereadores. Esses foram os fatos e essa a
verdade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Solicito ao Sr. 1º Secretário para que proceda à chamada nominal dos Srs.
Vereadores para a entrada na Ordem do Dia. (Após a chamada.) Há 27 Vereadores em Plenário. Há
quórum.
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Havendo quórum, passamos à
Para uma Questão de Ordem,
tem a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, já foi encaminhado o pedido de
licença da Vera. Anamaria Negroni. Ao mesmo tempo, gostaria de saber da
Presidência quais as bancadas que já fizeram o encaminhamento para que eu possa
ter orientação.
O SR.
PRESIDENTE: Confirmo
a V. Exa. que a inscrição para encaminhamento é aberta novamente, uma vez que a
votação foi anulada por falta de quórum.
Requerimento da Vera.
Anamaria Negroni, solicitando licença para tratar de interesses particulares no
dia de hoje.
(Obs.: Foi aprovado
Requerimento de licença da Vera. Anamaria Negroni e dada posse ao Suplente
conforme consta da Ata.)
PROC. 1822/97 - VETO PARCIAL AO PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 025/97, que dispõe sobre as
Diretrizes Orçamentárias para 1998 e dá outras providências.
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela manutenção do Veto Parcial;
- da CEFOR. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela rejeição do Veto quanto
ao inciso IV do art. 17, resultante de aprovação da Emenda nº 04 ao Projeto, e
quanto a item do inciso II do Anexo, resultante de aprovação da Emenda nº 15 ao
Projeto; pela manutenção do Veto quanto ao art. 14, resultante de aprovação da
Emenda nº 26 ao Projeto.
Observações:
- para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos membros da
CMPA - Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.
O SR.
PRESIDENTE: Em
votação o PLE nº 25/97 - Veto Parcial. Vamos encaminhar a votação em três Vetos
parciais e, conforme já havia sido anunciado na Sessão anterior, a primeira é a
votação do inc. IV do art. 17, que corresponde à Emenda nº 04.
O SR. GERSON
ALMEIDA (Esclarecimento): Sr. Presidente, as votações está claro que serão feitas uma por uma. E
os encaminhamentos, será um só para as três votações ou cada votação terá seu
encaminhamento?
O SR.
PRESIDENTE: Cada
votação possibilitará o encaminhamento; as votações serão nominais,
isoladamente.
O Ver. Antonio Hohlfeldt
está com a palavra para encaminhar.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, quero retomar e insistir nos motivos pelos quais
eu defendo a derrubada do Veto ao inc. IV do art. 17 deste Projeto de Lei, ora
em votação nos seus três Vetos.
Em primeiro lugar, quero
lembrar aos Srs. Vereadores que a Lei Orgânica Municipal já determina, em suas
Disposições Transitórias, a obrigatoriedade da isonomia e, sete anos após, o
Executivo ainda não cumpriu.
Em segundo lugar, quero
chamar a atenção para o fato de que as alegações do Executivo nada têm a ver
com o conteúdo em si da Emenda e do inciso que está em análise. Por quê? Porque
não estamos determinando nenhuma legislação especial. O que estamos
determinando, na forma da lei, é a política que deve ser seguida. Na verdade,
estamos reiterando que aquilo que já foi definido na Lei Orgânica deve ser
cumprido em um determinado período, que é o período abarcado pela LDO.
Mas, por via das dúvidas,
Sr. Presidente, na medida em que o Sr. Prefeito Municipal tem dito que, entre
as várias justificativas de atrasos, de diminuição e de descongelamento de
salários de funcionários, seria culpa - para variar - do Governo Fernando
Henrique Cardoso, quero dizer que recebi ofício formal da Deputada Federal Yeda
Crusius, que comunica e pede que eu transmita de público que o Governo Federal
tem repassado, integralmente, a cota do Fundo de Participação dos Municípios - FPM
-, a partir de 1º de julho de 1997, a todos os municípios. Portanto, não é essa
a desculpa a ser usada pela Prefeitura para o fato de não cumprir com os
discursos que gosta de fazer, ou com a obrigação que deve praticar. O dinheiro
federal que tem que chegar ao Município está chegando integralmente. E, mais do
que isso, não houve diminuição de repasse no caso de Porto Alegre. Pode ter
havido do ponto de vista da proporcionalidade, na medida em que o orçamento
municipal cresceu, e nós sabemos como. Mas não houve diminuição do percentual
de participação do Governo Federal em relação às verbas repassadas ao Município
de Porto Alegre. Essa é a segunda correção que se faz necessária.
Portanto, quero insistir:
nós não estamos gerando despesa e, ainda que estivéssemos, é legítimo, é
absolutamente legal. A partir do momento em que vem a Diretriz Orçamentária
para análise da Casa, para que a Casa defina onde ela quer enfatizar essa
despesa, se a Casa não pudesse emendar, para que viria à Casa o Projeto de Lei
da LDO? Então, não vamos misturar coisas e não vamos falsificar a linha geral
legislativa do Município. Se a Câmara tem direito da iniciativa legislativa e
deve indicar de onde tirar dinheiro para colocar num outro local e vice-versa,
a Câmara pode, também, sem nenhum problema, indicar quais são as prioridades
que o Legislativo entende que devem ser cumpridas pelo Executivo. Se não
pudesse fazer essa emenda, repito, não haveria motivo para que o Executivo
enviasse à Casa esse tipo de legislação. Mais do que isso, perderia a Casa, de
uma certa maneira, um bom percentual das razões da sua existência.
Eu não tenho dúvida em dizer
que uma das principais razões da existência desta Casa é exatamente como está
escrito na Lei Orgânica Municipal: “exercer o poder municipal”. Ele não é
exclusividade do Executivo, embora talvez a Administração Municipal muito
gostasse que fosse, dispensasse a Câmara de Vereadores, como se vê, do Projeto
Hermes, como se vê da pista de eventos no Menino Deus. Era bom se pudessem
dispensar a Câmara de Vereadores e trocá-la pelo Orçamento Participativo, por
exemplo. Mas ainda não conseguiu fazer isso. A legislação nacional ainda obriga
a que a legislação seja discutida e votada aqui na Casa, e nesse sentido é que
eu quero enfatizar: tem poder, sim, esta Casa para determinar, até porque está
reiterando uma determinação e está fixando novamente um prazo.
Portanto, pela derrubada do
Veto, porque ele não é ilegal, ele não é inorgânico, ele não é
inconstitucional; ao contrário, ele é profundamente interessante ao público, ao
morador, ao contribuinte e ao funcionário da Cidade de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. JOÃO DIB (Esclarecimento): Eu solicitaria, Sr. Presidente, que me fosse
informado qual o Veto que está sendo votado agora.
O SR.
PRESIDENTE:
O inc. IV do art. 17, correspondente à Emenda 04. Serão feitos três votações e
três encaminhamentos, se for necessário. O Ver. Luiz Braz está com a palavra
para encaminhar pelo PTB.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, sábio foi o Ver. João Dib no momento em que
efetuou esta Emenda neste processo da LDO. Estava cumprindo, naquele instante,
uma determinação constitucional. Por incrível que possa parecer, Ver. João Dib,
a argumentação utilizada pelo Executivo para vetar a Emenda proposta por V.
Exa. e aprovada por esta Casa foi exatamente que a matéria é inconstitucional e
inorgânica. Podemos, a qualquer instante, abrir a Constituição e vamos enxergar
bem claro, na Constituição, no seu art. 34, os mandamentos que dirigem os
pensamentos legislativos exatamente para a feitura de uma lei que possa fazer
com que a isonomia traga justiça entre os vencimentos dos servidores da União,
do Estado, do Município. A única coisa que podíamos fazer de bom senso é
colocar nas Diretrizes Orçamentárias a linha que deve ser seguida pela
Administração, que é aquela de fazer com que constem no Orçamento do Município
os recursos para que essa isonomia possa vir a prosperar.
É claro que não estamos
estabelecendo a isonomia com essa Emenda. As razões do Veto elas apenas
argumentam no sentido de que na LDO existia uma tentativa dos Srs. Vereadores
de criar a isonomia. É claro que sabemos que a LDO não seria o lugar ideal para
criarmos isonomia, mas é o local onde temos a obrigação de iniciar o processo
para que essa isonomia possa se dar. Começamos na LDO, passamos depois pelo
Orçamento e logo após vamos para legislação específica, como pede o artigo da
Constituição. Então, de inconstitucional, não existe absolutamente nada; é
absolutamente pertinente, é absolutamente constitucional. E esta Casa, quando
legislou aprovando a Emenda nº 04, de autoria do Ver. João Dib, colocando essas
linhas para que a isonomia pudesse se dar, estava utilizando um dever: o de
obedecer à Constituição.
Eu vejo que os Srs.
Vereadores já têm os seus votos definidos - e eu espero que essa definição se
dê principalmente com relação a esse artigo - na derrubada do Veto. Para que a
justiça se dê, para que a obediência à Constituição se dê, os Vereadores
deverão votar contra o Veto aposto pelo Sr. Prefeito. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para encaminhar.
O SR. GERSON
ALMEIDA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a posição da Bancada do Partido dos Trabalhadores
em relação a esse Veto já foi expressa, na Sessão passada, pelo caro Ver.
Juarez Pinheiro. Os argumentos que ele apôs à discussão são satisfatórios,
demonstrando que a questão em tela é inconstitucional, inorgânica. É inócuo
colocar, ou não, na LDO. Alguns Vereadores já têm dito muitas vezes: leis nós
já temos suficientes. E as leis inócuas não devem ter a nossa guarida. Seria
necessária uma lei especial para que ela fosse pertinente. No entanto, gostaria
de debater com o Ver. Antonio Hohlfeldt, que traz um tema, usando
encaminhamento do PSDB, que me parece, pelo menos, digno de nota. Ele trouxe a
palavra da Deputada Yeda Crusius de que o Governo Federal não está deixando de
repassar nenhum centavo para os cofres municipais.
Gostaria de saber se o Ver.
Antonio Hohlfeldt também assina embaixo das palavras da Deputada Yeda Crusius
quando ela disse, no auge da discussão sobre a Lei Kandir e o Fundo de
Estabilização Financeira, que os prefeitos não estavam fazendo direito as
contas, que eram os prefeitos todos do Brasil que estavam equivocados e que ela
estava certa, que o Governo Federal estava repassando e que nenhum centavo
estava deixando de vir para os cofres públicos.
O Ver. Antonio Hohlfeldt,
também, numa lógica particular, que ele começou a ter de uns anos para cá, diz
que estão passando 100% do Fundo de Estabilização dos Municípios para eles.
Bem, Vereador, V.Exa. não
sabe. Vou-lhe dizer, então: a sua Deputada não sabia que o FEF fica com uma boa
parte do Fundo de Participação dos Municípios. O Governo Federal, através do
Fundo de Estabilização Financeira, retém dinheiro dos municípios para ficar em
algum fundo que ninguém sabe onde é usado. Talvez para garantir a reeleição do
Sr. Fernando Henrique Cardoso e tantas outras coisas que o Ver. Antonio
Hohlfeldt acha que talvez sejam absolutamente legítimas, corretas, necessárias.
E vem aqui com uma empáfia, uma soberba fantástica, defender coerência do
Governo Municipal em relação a determinadas coisas.
Agora, o seu silêncio dói
nos nossos ouvidos! Mais do que isso, dói na nossa alma, na nossa consciência,
em relação às fantásticas somas que estão sendo usurpadas dos municípios
através da política que a sua Deputada defende, e ele tem o orgulho de citar da
tribuna como se fosse repor a verdade, usando as palavras da Dep. Yeda Crusius.
E agora faz ouvidos de mercador, porque prefere não escutar, porque é melhor
não escutar determinadas coisas e fazer de conta que elas não existem. Aquilo
que não vem aos ouvidos, para alguns, não está na vida. No entanto, eu quero
dizer o seguinte: o Ver. Antonio Hohlfeldt foi o mesmo que disse, há uma
semana, que era contra a III Perimetral, e votou contra a III Perimetral, ele e
sua bancada. Agora, a ex-candidata a Prefeita, atual Deputada Yeda Crusius, na
sua campanha para a Prefeitura de Porto Alegre, defendia exatamente o chamado
corredor norte-nordeste, norte-sul, não sei o nome que foi dado, porque não
usava a II Perimetral, mas usava o mesmo trajeto. Ainda bem que o povo de Porto
Alegre, na sua sabedoria, elegeu o outro candidato e não aquele que prometeu
uma obra quando era candidato e depois a sua bancada votou contra a Cidade
porque era contra a obra da III Perimetral.
Eu gostaria de saber com que
coerência eu fico e com que palavra eu fico: a palavra que diz que nenhum
centavo está deixando de ser colocado nos municípios, ou a palavra dos milhares
de prefeitos do Brasil inteiro, que dizem que suas finanças estão dilapidadas?
A palavra de quem dizia que ia construir a III Perimetral ou a de quem diz que
não vai construir e votou contra? Eu gostaria de ficar com a palavra da
realidade, com as palavras que são constituídas por atos, ou seja, de que
realmente as finanças dos municípios estão sendo assacadas. E por isso somos
contra, queremos manter o Veto, porque não podemos criar mais despesas para as
já dilapidadas finanças públicas municipais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra. Ausente. O Ver. João Dib está com a
palavra.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, quando eu perguntei a V. Exa, Sr. Presidente, qual o destaque
que estava sendo votado, podia ser que este Vereador estivesse desatento no
Plenário, mas de repente ele descobriu que fez a pergunta certa, porque o
debate se fazia em torno de outro assunto. O ilustrado Líder petista vem a esta
tribuna e fala de todas as coisas, menos do Veto aposto por S. Exa. o Sr.
Prefeito à Emenda deste Vereador, que tinha preocupação com os servidores
municipais, os servidores municipais aos quais, reiteradamente, foi prometido o
plano de carreira e isonomia, os servidores municipais para quem a bíblia
petista diz que deveria ter isonomia, mas que o Simpa não soube aproveitar a
sua força para impor a isonomia e o plano de carreira. Palavra de prefeito do
PT e risco na água é a mesma coisa.
Eu ouvi o Prefeito do PT
dizendo da tribuna que ele faria o plano de carreira e que a isonomia seria
estudada, o que, aliás, está na propaganda dos prefeitos do PT. Eu não posso,
também, apesar de ser o autor da Emenda, deixar de entender a incompetência
daqueles que dirigem esta Cidade. Ontem mesmo eu falava com o Secretário da
Fazenda sobre o IPTU, sutilmente apresentado para enganar a população, e ele
tentava me convencer de que o art. 9º da Lei Complementar 07/73 , que é o
Código Tributário do Município, definia as ações. Não é verdade. É que ele não
entende bem de leitura de texto de Lei Complementar, assim com não entende de
salário de servidor municipal, que queremos ajudar. Eu também nunca usei outros
números que não fossem os fornecidos pela Secretaria da Fazenda. Ontem o
Secretário da Fazenda disse que a folha mensal do Município é de 25 milhões de
reais. Na minha aritmética, 25 vezes 12 dá 300 milhões de reais. Na minha
aritmética, somando o 13º, dá 325 milhões de reais, o que é menos da metade da
arrecadação da Prefeitura em receitas correntes. O Secretário diz que gasta
67%.
Eu gostaria que as pessoas
que debatem o problema de isonomia e de plano de carreira falassem exatamente
sobre isonomia e plano de carreira, porque a Prefeitura tem o dinheiro para
dar, mas onde gasta eu não sei. Então, o Secretário tentava me convencer de que
aqueles 25 milhões eram do 13º salário, que era despesa líquida. Aí eu tive que
lembrar o Secretário da Fazenda, homem que dirige o nosso dinheiro, que o 13º
salário realmente é líquido mesmo. O servidor municipal recebe o 13º, não
desconta Montepio, Imposto de Renda na Fonte, não desconta nada; é o que ele
tem direito, é o salário total. O Secretário queria argumentar comigo que era
diferente, que os mesmos 25 milhões não eram 25 milhões. Ele não sabe dos
números da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Por isso que temos que dizer,
na tribuna, que o FEF, a Lei Kandir - a Lei Kandir é bom que lembrem
sinteticamente - geram emprego, e desemprego gera desemprego. No Vale dos Sinos
não podiam exportar. Aí veio a Lei Kandir, passaram a exportar. Primeiro
desempregaram muita gente porque não podiam exportar; depois empregaram muita
gente porque podiam exportar. Se emprego gera emprego, gera consumo, gera ICM e
a Prefeitura está arrecadando acima daquilo que previa - queria arrecadar 122
milhões de reais de IPTU; vai arrecadar 130 milhões de reais ou mais -, então
não tem por que chorar misérias; tem que tratar da isonomia, do plano de
carreira e da bíblia petista, que está escrito tudo isso aí. No mais, saúde e
paz!
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra, a Vera. Clênia Maranhão para encaminhar.
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a votação do Veto Parcial ao Projeto da Lei de
Diretrizes Orçamentárias tem trazido a esta tribuna argumentos que não são
específicos à discussão que temos de fazer neste momento. Os vetos lançaram
duas coisas muito concretas: é veto à proposta do Ver. Garcia, em relação à
escola agrícola, em relação à isonomia.
Neste momento, estamos
discutindo a questão da isonomia. Se estamos retomando aqui essa discussão que
já foi bastante aprofundada no momento em que foram apresentadas as emendas à
LDO, cabe ainda retomar essa discussão na tentativa de recolocarmos a
importância da derrubada do Veto para que haja o atendimento à necessidade
legítima dos funcionários que a pleiteiam e dos Vereadores que a consideram da
maior importância. O Ver. Dib trouxe os números necessários para o
esclarecimento dessa discussão, acredito que se baseando em outras
intervenções. Ficou bastante especificada a possibilidade concreta de, caso o
Veto ser derrubado, o Executivo poder garantir essa isonomia. Trazer aqui a
discussão dos posicionamentos políticos do Governo Federal não isenta esta
Câmara da responsabilidade de discutir esse Veto e de a Câmara, baseando-se nos
dados da realidade do nosso Município, conseguir derrubá-lo. Assim estaremos
cumprindo a nossa atividade, a nossa tarefa, respaldados na necessidade real
dos servidores e de acordo com as condições financeiras, orçamentárias e
tributárias que tem hoje o Município de Porto Alegre. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Gilberto Batista está com a palavra. V. Exa está impedido de encaminhar
em função de que está como suplente na Bancada do PSDB, que já encaminhou.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT (Questão de Ordem): Para não passar em julgado, porque, depois, se isso
vira lei, eu saio perdendo: o Vereador suplente não deixa de representar a sua
bancada original. O que houve é que o Vereador entendeu que o que estávamos
discutindo era o segundo Veto, o da Vila Nova, e na verdade é esse que ele quer
fazer o pedido. Eu estava orientando S. Exa. nesse sentido.
O SR.
PRESIDENTE: Eu
estava pensando em consultar a Diretora, porque eu pensei que não havia
problema.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: O
outro assunto vamos discutir depois.
O SR.
PRESIDENTE: Fica
corrigido o engano da Presidência. Agradecemos o esclarecimento do Ver. Antonio
Hohlfeldt.
O Ver. Carlos Garcia está
com a palavra para encaminhar.
O SR. CARLOS
GARCIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, quando se fala em isonomia, fala-se em igualdade,
e essa foi a intenção do Vereador ao propor que os funcionários tenham os
mesmos direitos em todas as circunstâncias.
Infelizmente, não é esse o
entendimento do Executivo que, de maneira diferenciada, entende que é
inconstitucional e inorgânico instituir a isonomia entre servidores municipais
através da LDO, por não ser o instrumento legal, específico e adequado para
regular os vencimentos dos mesmos, posto que a LDO deve dispor sobre o
Orçamento como um todo, não sendo competente para dispor sobre os servidores
públicos, a necessitar, portanto, de lei específica.
Entendemos que o momento era
adequado porque dessa discussão o Executivo não pode fugir. Ano após ano,
discute-se em todos os níveis a importância da isonomia. É um anseio não só dos
servidores públicos municipais, mas de todo e qualquer trabalhador que executa
função análoga, ou seja, se eu executo a mesma função que outro, por que não
perceber os mesmos vencimentos? Esse é o nosso entendimento e o entendimento da
proposição do Ver. João Dib naquela oportunidade.
Portanto, nós somos contra
esse Veto do Sr. Prefeito e esperamos que os demais Vereadores o derrubem para
que possamos ter uma harmonia perfeita entre todos os funcionários do Município
e que a isonomia, realmente, seja contemplada. E, se o Executivo entende que é
inconstitucional e inorgânica, que procure, por meio da Justiça, obter os seus
recursos. Mas nós, do PSB, temos um entendimento diferente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a advertência da Mesa de que a nossa
inscrição para falar sobre a matéria é de undécima hora até se justifica. Nós
pretendíamos sobre ela silenciar não fossem algumas advertências acerca do
conteúdo desta discussão que, longe de ser uma discussão bizantina, é uma
discussão que tem alguns quadros de indefinição. A rigor, Sr. Presidente, nós
estamos discutindo o quê? Nós estamos discutindo o alcance efetivo da ação do
legislador e todo o processo que se chama elaboração legislativa. Estamos
decidindo sobre vetos em que o vício apontado é a inconstitucionalidade. Eu
observo, Sr. Presidente, que o nosso discurso é tão-somente no sentido de
esclarecer a nossa posição pessoal, porque a empolgação do Plenário faz com que
discussões paralelas se desdobrem.
Eu dizia que, fosse a
alegação outra que não a inconstitucionalidade, a nossa posição poderia ser
modificada. Mas, se o que se centra é a inconstitucionalidade de emendas,
decorrentes da ação legislativa, Ver. Carlos Garcia, neste particular nós temos
até que deixar de lado o mérito para resguardar a nossa competência, porque, se
é inconstitucional nós, Vereadores, mexermos neste tipo de projeto, a
diminuição da nossa capacidade ativa está reduzida a zero. Não temos mais nada
a fazer nesta Casa. Não podemos sequer emendar o Projeto de Lei de Diretrizes
Orçamentárias porque, quando conseguimos, após muito custo, ver aprovadas essas
nossas emendas, quando isso acontece, vem o Executivo, sob a alegação da
inconstitucionalidade, e esbarra toda a intenção, todo o processo político,
todo o desenvolvimento que ocorreu a partir de uma iniciativa de um Vereador,
legítima, correta, que conseguiu, com muito esforço, a chancela dos seus demais
pares. Então, Sr. Presidente, a discussão deixa de ser de mera conveniência, de
ter ou não ter esses dispositivos inseridos na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
A discussão vai mais longe, é mais profunda e tem que questionar se tem ou não
tem o integrante desta Casa condição legal, constitucional de propor alterações
na Lei de Diretrizes Orçamentárias. A resposta, Ver. Hélio Corbellini, é bem
mais objetiva.
Eu, Sr. Presidente, abandono
a leitura do que está escrito nas proposições para ficar na defesa incansável
que têm o homem, a mulher, o representante popular legitimamente conduzido por
esta Casa, de poder, na plenitude de suas atribuições legislativas, exercendo
plenamente a sua competência, oferecer emendas a um projeto de Lei de
Diretrizes Orçamentárias. Se isso for inconstitucional, temos que revisar, Ver.
Isaac Ainhorn, todo o nosso processo político e pormos em dúvida até mesmo o
sentido da nossa presença nesta Casa como representantes daquelas parcelas de
opinião pública que houveram por bem conduzir homens e mulheres com o
pensamento diverso a fazer os seus representantes.
Por isso, Sr. Presidente,
foi tardia a minha vinda à tribuna, graças a Deus! Isso me permitiu refletir
sobre qual é o sentido de todo esse processo de discussão. Não se joga aqui a
mera sensação de acolhermos ou não a vontade do Sr. Prefeito, que quer obstar
que algumas idéias conduzidas pela sensibilidade do representante popular sejam
inseridas na LDO. É muito mais; é saber se todos nós temos o direito, o dever e
a possibilidade legal e jurídica de contribuirmos para o aprimoramento das leis
que tramitam nesta Casa. Como eu entendo que sim, como eu sou partidário de que
esta possibilidade é inerente à nossa ação legislativa, Ver. Antonio Hohlfeldt,
eu estou dizendo aqui que vou acompanhar aqueles que entendem que é legal, que
é regimental, que é constitucional, que é orgânico os Vereadores trabalharem, e
trabalharem bem, pelo interesse da Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Em votação o inciso IV do art. 17 referente ao Veto Parcial ao PLE nº 25/97,
resultante da aprovação da Emenda nº 04. (Após a chamada.) APROVADO por 18 votos SIM
e 13 votos NÃO. Rejeitado, portanto,
o Veto a ele aposto.
Em votação o item do inciso
II do Anexo, resultante da aprovação da Emenda nº 15. O Ver. João Dib está com
a palavra para encaminhar.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, pode a Câmara ter um orçamento de 4% das receitas
correntes da Prefeitura excluído o SUS? Esta é uma pergunta que fica no ar. Mas
é uma pergunta muito importante. Foi feito um pedido de renovação de votação
para que esta Emenda fosse reapreciada para que a Câmara, realmente, tivesse os
seus 4%, mas houve uma tal manobra prefeitoral, que aquele ministro, que hoje
no jornal é mostrado com o olho tapado - mas de tapado não tem nada -, muito criticado,
o Serjão, deve ter dado aulas na Administração prefeitoral. Eu não faço nada
mais do que olhar o discurso da Liderança do PT, e até corrigido de próprio
punho. E aqui está a correspondência com a firma do Prefeito Municipal, o
Prefeito Municipal que disse que a Câmara não se preocupasse, porque lei...
O SR. RENATO
GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria que a Presidência
informasse qual a emenda que estamos encaminhando neste momento.
O SR.
PRESIDENTE: A
Emenda nº 15, Vereador. Inciso II do Anexo, correspondente à Emenda nº 15,
sobre a questão da escola agrícola.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, peço desculpas, pois eu sou um leitor e, como
tal, eu fui na seqüência que havia na colocação do Prefeito para os vetos.
Então, vamos para a Vila
Nova e, depois, voltamos para o Serjão. Depois vamos falar no Serjão de novo,
porque o Serjão fez escola e o PT usou a escola; até quando me prometeu dar o
segundo projeto do “shopping-papel”, me deixou no papel sozinho. Eu confiei no
PT e o PT me passou para trás.
Mas, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ao político cabe ter sensibilidade e capacidade de resposta. Alguns
Vereadores desta Casa estiveram na Vila Nova e sentiram a necessidade, o anseio
daquela gente de ter uma escola profissionalizante para a agricultura. Parece
que esta preocupação com uma escola profissionalizante para a agricultura não
sensibiliza o Prefeito, não mexe com os neurônios da Secretaria Municipal de
Educação, do Secretário e dos que o assessoram, porque esta Câmara está aqui
apenas para dizer “sim” ao que o Prefeito encaminha para cá. Nós estamos aqui
para ficar esperando; enquanto ele não mandar nada, nós não fazemos nada. O
“shopping-papel” está anunciado pelo Prefeito sem que tenha vindo o projeto. O
prometido foi que em duas semanas estaria aqui para que nós retirássemos uma
proposição de Comissão Especial a fim de analisarmos o regime urbanístico
daquela área. O projeto não veio e o Prefeito já está anunciando que vai
colocar o “shopping- papel” na Vila Nova para que se torne realidade; são
lojas, âncoras e quantas coisas mais eu não sei. Alguns Vereadores foram na
Vila Nova, tomaram cafezinho, é verdade, foram muito bem recebidos, analisaram
o problema muito de perto e fizeram uma proposição dentro daquilo que é
possível, dentro da Lei de Diretrizes Orçamentárias e seus anexos. O Prefeito
disse que não; só ele, Prefeito, pode.
Na Lei de Diretrizes
Orçamentárias há uma coisa que não foi colocada, mas vou tentar colocar: são os
13% do Orçamento global da Prefeitura para a saúde. Como o meu tempo se
encerra, só me resta dizer saúde e paz, e vamos votar pela derrubada do Veto.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de chamar a atenção dos Srs.
Vereadores para a contradição entre discurso e prática que estamos enfrentando
na avaliação deste segundo Veto.
Foi o Ver. Adeli Sell, entre
outros, mas ele é integrante da Bancada do PT, quem no semestre inicial do ano
mais discutiu a questão do ensino profissionalizante de primeiro e segundo
graus e, por óbvio, também o ensino agrícola. Definíamos eu e outros
Vereadores, dentre os quais o Ver. Carlos Garcia, posição de apoio ao Ver.
Adeli Sell porque me parece o óbvio, pois Porto Alegre tem necessidade de
formação de mão-de-obra qualificada nesse campo, até porque tem todo um
segmento geográfico da Cidade diretamente vinculado à questão agrícola,
segmento que, diga-se de passagem, anda maltratado pela Administração, que
quer, à força, colocar lá dentro uma população que nada tem a ver com a
atividade específica daquela região da Vila Nova. Mas, de toda maneira, além
disso me surpreende profundamente o Veto que encontramos na LDO, porque foge
completamente, em primeiro lugar, à lógica da Cidade, porque não se pensar uma
escola agrícola na Vila Nova e se propor uma escola agrícola em qualquer outra
zona de Porto Alegre é absolutamente incongruente, é condenar os jovens que
queiram, eventualmente, estudar numa escola agrícola a pegar um ou dois ônibus,
se deslocarem, perderem tempo, quando está caindo de madura - como todas as
frutas boas - a necessidade de colocar essa escola ali na Vila Nova.
Outro dado curioso é que
estamos determinando, no Anexo II, Ver. Paulo Brum, apenas estudos, e nada
mais. Só queremos que a Prefeitura Municipal comece a estudar, não estamos
mandando que ela construa. Pois bastou falar em viabilizar estudos, Ver. Isaac
Ainhorn, e o Secretário Clóvis Azevedo já não gostou - o melhor é botar o MOVA,
que a gente não estuda muito; a gente, na verdade, se vale de pessoas que
serão, depois, excelentes cabos eleitorais na eleição do ano que vem. Pois
bastou falar em estudar, há veto, porque o Secretário da SMED prefere,
evidentemente, fazer política corporativista e esconder os dados, os números
reais de crianças que rodam no 1º grau, inventando essa moda dos ciclos para,
exatamente, escamotear os percentuais de evasão escolar e de crianças que não conseguem
passar de série, porque os percentuais saltaram muito, muito, muito em relação
ao período da Secretária Esther Grossi, que o PT preferiu implodir e retirar da
SMED no período Tarso Genro.
Então, parece-me que é uma
incongruência falar-se em necessidade de agricultura, apoiar-se o MST, dizer-se
que os Governos Estadual e Federal devem ter planos. Mas o Governo Municipal se
nega sequer a estudar a viabilidade de uma escola agrícola de 1º e 2º graus na
Vila Nova! Realmente, parece-me que a incongruência não é da oposição, mas de
quem prega a participação no Orçamento Participativo, desde que esteja de
acordo com o que diz a Prefeitura, mas se nega, nem sempre a debater, mas,
sobretudo, a ouvir o resultado do debate, quando o debate é contrário à posição
que eles, adredemente, já fixaram. É a velha história que, às vezes, no
Plenário enfrentamos, ou seja, vem alguém da bancada da situação dizendo:
“queremos negociar, desde que vocês estejam de acordo, porque se vocês forem
contrários nós não negociaremos”. Esse é o tipo de negociação muito difícil de
se fazer. Talvez por isso, Ver. Adeli Sell, até agora não conseguimos votar,
por exemplo, a Epatur, porque é difícil negociarmos quando não se consegue
fazer com que cada um recue um pouco para que o outro também possa avançar um
pouco. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para encaminhar.
O SR. CARLOS
GARCIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, este assunto da implantação de uma escola
agrícola foi bastante discutido por ocasião do Plurianual e o mesmo argumento
que pregamos e utilizamos naquela oportunidade vamos tentar explicitar
novamente hoje.
O que se pede são estudos
para a viabilização da criação de escola agrícola, e isto é uma necessidade
premente dentro da nossa realidade. Volto a insistir: o Município de Porto
Alegre, dito, inclusive, pelo próprio Executivo e em vários “folders”
distribuídos em nossa Cidade, em sua área rural, especificamente na Vila Nova e
suas redondezas, é o maior produtor de pêssego de mesa do Brasil. Se Porto
Alegre tem uma área rural que todos conhecemos, por que não começar a fazer
esse estudo? Isso não quer dizer que vai ser implantado. Estamos pedindo estudo
de viabilização de uma escola agrícola. Achamos justo e pertinente. Ao mesmo
tempo, na justificativa do Veto do Executivo, eu acho que foi feita alguma
confusão quando fala que os esforços hoje estão sendo investidos com a
constituição do Movimento de Alfabetização de Porto Alegre, o MOVA, que foi um
assunto amplamente debatido nesta Casa. Na época, apresentamos uma emenda e
tentamos assegurar que o educador popular devesse possuir habilitação mínima de
2º grau completo, com o Magistério. A nossa justificativa foi que em Porto
Alegre temos 15 escolas de 2º grau com habilitação em Magistério; na Grande
Porto Alegre, são oito escolas de Pedagogia, e algumas com pedagogia nas séries
iniciais. Por que insistir nesse assunto? Mas
somos voto vencido. Quando se fala em estudo, e fazendo uma comparação com os investimentos
feitos pelo MOVA, eu acho muito pequeno o argumento.
Acho que cada vez mais a
questão da área rural não tem sido contemplada. A proposta feita no Plano
Diretor é terminar com as áreas rurais. O que não consigo entender é que para a
grande maioria da população se passa uma idéia de que Porto Alegre prioriza a
área rural, mas quando temos projetos aqui apresentados tentam inviabilizar.
Está faltando uma coerência entre o discurso e a prática. É essa coerência que
queremos. Portanto, nós, do Partido Socialista Brasileiro, somos totalmente
contra e vamos tentar derrubar o Veto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para encaminhar.
O SR. RENATO
GUIMARÃES: Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, o que está faltando, de parte do nosso
governo e da nossa bancada, não é coerência, é dinheiro; está faltando verba
para fazermos muitas coisas que gostaríamos de fazer. Apresentamos, no anexo,
uma relação de mais de 20 ações que a Administração Popular desenvolve na área
de educação.
Gostaria de registrar que os
recursos do Fundo de Educação não estão sendo repassados para o Município de
Porto Alegre. O Governo do Estado não está repassando o dinheiro do Fundo de
Educação. Os mesmos Vereadores que propõem que o Município assuma uma escola
técnico-agrícola deveriam fazer um esforço para que o Governo do Estado
repassasse o dinheiro do Fundo de Educação para o Município de Porto Alegre. É
importante fazermos o discurso aqui. Nós, na intenção, não somos contra.
A LDB diz que é prioridade
do Município atender o ensino regular, atender o ensino infantil, mas é
atribuição do Governo do Estado o ensino do 2º grau e as questões ligadas ao
ensino técnico. Gostaria de cobrar: como é que o Estado está atendendo essas
prioridades?
Foi denunciado, nesta Casa,
na Comissão de Educação, que a escola aberta Vila Cruzeiro - escola do Governo
do Estado - está totalmente sucatada. Atendia 200 alunos em três turnos. Hoje,
não consegue atender 30 crianças. Por quê? Porque o prédio está todo sucatado,
pois houve um incêndio e não foi feita a recuperação do prédio. Onde está a
responsabilidade do Governo do Estado em atender isso?
Quando fazemos um debate
aqui, dentro na Câmara de Vereadores, sobre a LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias
-, diz-se que estamos propondo um estudo. A LDO não é uma lei para se propor um
estudo, mas, sim, é a diretriz anual para o governo cumprir. Podemos listar que
está no LDO, proposta por nós, a manutenção do desenvolvimento do ensino
fundamental. Estamos cobrando da Governo do Estado para que repasse o dinheiro
do Fundo de Educação para atendermos o que é nossa obrigação: implantação de
uma política educacional transformadora, congregando todas as frentes de
trabalho da Secretaria; implantação de espaços para reflexão; implantação de
ambientes informatizados para o aprendizado; apoio à expansão de propostas
pedagógicas alternativas, como V. Exas sabem - MOVA, SEJA e outros programas
que desenvolvemos na Cidade; apoio à implantação de uma gestão democrática;
implantação de unidades de escolas abertas, de oficinas, como o caso da Escola
Beta, que estamos mantendo na Washington Luís.
Então, há um conjunto de
atribuições que a SMED tem. Por exemplo, convênio com as creches comunitárias.
São mais de 90 creches comunitárias no Município de Porto Alegre, nas áreas
mais carentes, que a Prefeitura mantém através de um convênio, com verba do
Orçamento. Aí, quando se faz um debate de por onde tem que se ampliar essa
discussão, por onde tem que se ampliar a atuação do Município, se afirma: “tem
que ampliar pela instalação de uma escola técnica agrícola”. E eu pergunto:
como é que está a Escola Técnica Agrícola de Viamão, V.Exas sabem? Eu sei: está
sucatada, atendendo com 50% de sua capacidade. É uma escola a menos de 15km do
Centro de Porto Alegre, que poderia servir a toda a Região Metropolitana. Não
serve. Quem é o responsável pela Escola Agrícola, pela ETA? O Parobé, uma
escola técnica importante, como é que está? Ninguém fala aqui quem é o
responsável pela manutenção do Parobé.
Então, é esse debate que nós
gostaríamos de fazer. O Município tem obrigações que tem de cumprir, porque
senão é complicado. Por exemplo: o atendimento de crianças de zero a seis anos.
Nós estamos apostando numa política de ampliação desse atendimento através dos
convênios e da construção das escolas infantis, mas há um conjunto de outras
atribuições que são, hoje, do Governo do Estado e que os Srs. Vereadores não
cobram aqui na Casa. Não cobram a situação da Escola Agrícola de Viamão, não
cobram a situação da Escola Parobé. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Estão
encerrados os encaminhamentos.
Item do inciso II do Anexo
do PLE nº 25/97. Em votação. (Após a chamada.) APROVADO por 18 votos SIM,
13 votos NÃO. Rejeitado, portanto, o Veto a ele aposto.
Temos, sobre a mesa, uma
Declaração de Voto.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Declaração de Voto do Ver. Adeli Sell, assinada
também pelo Ver. Clovis Ilgenfritz. (Lê.)
“Voto com a minha bancada, o
que não me faz desistir de meu intuito de conquistar uma escola técnica
agrícola, tanto que articulo, ativamente, um abaixo-assinado a ser encaminhado
ao Ministério de Educação, à Secretaria Estadual e à Secretaria Municipal.
Ontem, na CEFOR, fui proponente de articularmos uma comissão desta Casa e de
agricultores de Porto Alegre para visitarmos o Chile para a troca de
experiências na área da fruticultura.”
O SR. PRESIDENTE: Passamos ao último artigo vetado: o art. 14, resultante da aprovação
da Emenda nº 26.
O Ver. João Dib está com a
palavra para encaminhar.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, agora sim eu posso falar do Ministro
Sérgio Motta e dos seus ensinamentos para a Administração da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre. Só que os ensinamentos do Ministro Sérgio Motta para
o Prefeito de Porto Alegre me deixam embasbacado. Agora eu não sei como devo
votar nesse Veto de S. Exa. o Sr. Prefeito, porque lei se modifica por meio de
lei e não por vontade do Prefeito ou do Vice-Prefeito. E esta aqui é de
brincadeira. Não quero prejudicar a Câmara, mas tenho que dizer que o Serjão
fez escola na Prefeitura Municipal de Porto Alegre, fato que se manifestou
aqui, no Plenário, quando se colocou em votação o pedido de renovação.
Disse o Sr. Presidente:
“Como Presidente da Casa, sinto-me na obrigação de esclarecer que, conversando
com o Sr. Vice-Prefeito no dia de ontem...” E a notícia que tenho é que a
questão dos 3,5% seria vetada pelo Prefeito. Não sei se isto seria confirmado
pela Liderança do PT.
Devo dizer que o Presidente
da Casa exerceu, exemplarmente, o seu dever. Ele tinha que buscar os 4%. Ele
representa a totalidade da Casa. Nem discuto se os 4% são necessários ou não.
Mas que o Serjão fez escola na Administração Municipal, fez. E aí o Líder do PT
leu o ofício, e aqui estão os anais corrigidos pelo Líder do PT. E até fazia
muito tempo que não ouvia ou lia esta expressão: “aqui está a correspondência
com a firma do Prefeito Municipal”. Sempre ouvi dizer “assinatura”. Firma é
coisa do nosso tempo mais antigo. Se dizia: “a firma do Prefeito, a firma do
professor, a firma do Reitor”. Era reconhecida em cartório, mas era
“assinatura” sempre. Então, o ofício do Prefeito foi para dizer que ele
alteraria a lei, mas ele não é o dono da lei.
Gostaria, também, que
tivesse a “firma” do PT, pela sua Liderança, naquele projeto do
“shopping-papel”, quando pediram que eu retirasse o pedido de comissão
especial, que era o correto, para analisar o regime urbano. Mas, numa
demonstração de confiança, contrariado por colegas meus, eu retirei o pedido
para que a urgência pudesse ser votada, com a promessa de que, em duas semanas,
o segundo projeto, que eu considero importante, chegaria a esta Casa. Mas não
tinha a “firma” do Líder do PT. E essa o Serjão não ensinou. Essa o Líder do PT
tentou; ele quis trazer, mas não conseguiu; é que não tinha “firma”. E o Serjão
diz que tem que ter “firma” e disse para o Raul: “Raul, meu pupilo dileto, faz
assim que tu acertas sempre”. E o Raul, obedientemente, seguiu o Serjão. E aí,
hoje, o Serjão diz que o jornal machucou o olho dele, ou ele machucou o jornal
- ele não sabe. Mas eu fiquei machucado, porque me fizeram retirar uma
proposição que eu tinha de comissão especial, e eu retirei e não me
retribuíram. Agora eu vejo aqui essa aula do Serjão, que me deixa todo
atrapalhado. Eu voto a favor ou voto contra? Eu não sei. Se eu votar contra e o
Veto for derrubado, acho que a Câmara é prejudicada. Eu já não sei mais nada. O
Serjão não deu essa aula e eu não aprendi. Como eu só sei fazer as coisas de
poucas maneiras, vou ter que pensar, vou ter que meditar para saber o que
fazer. Vou acompanhar a votação e depois, na segunda chamada, vou-me definir.
Mas que o Serjão fez escola é verdade! O Serjão, no Município de Porto Alegre,
lê na tribuna com a “firma” do Prefeito. Saúde e paz!
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para encaminhar.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero, em
primeiro lugar, dizer que é exatamente aquilo que foi pronunciado por mim na
tribuna, quando discutíamos a questão da renovação ou na votação da Lei de
Diretrizes Orçamentárias, que, no que toca a essa questão em tela agora, não
era objeto de polêmica. Não era esse o motivo que fazia com que os Vereadores
que tomaram a iniciativa de renovar a votação o fizessem Nós sabemos exatamente
que debate estava sendo feito à época. E , portanto, o que toca fazer agora em
nome da Bancada do PT é encaminhar de que nós vamos votar favoravelmente ao
Veto do Sr. Prefeito, ou melhor, nós vamos manter esse Veto. Por quê? Porque
assim foi dito por esta Liderança, em nome da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, que faríamos. E nesse caso, portanto, estamos mais uma vez
cumprindo rigorosamente com aquilo que acordamos com todas as lideranças da
Casa.
Eu não posso deixar passar
algumas questões que o caro Ver. Antônio Dib tem insistido em colocar nesta
tribuna, a meu juízo, desrespeitando não só a lógica, mas desrespeitando a
correção com que as coisas devem ser tratadas. Primeiro, o Prefeito Raul Pont é
conhecido na Cidade como um homem honrado e sério. A comparação do Prefeito
Raul Pont, com toda sua história nesta Cidade, com uma das figuras que faz
parte do Governo, que o Ver. Dib apóia no federal, ao meu juízo, não é correta.
Quem convive com o Serjão, governa com o Serjão e sobre a sua tutela vive não é
o Prefeito Raul Pont, tampouco a Bancada do Partido dos Trabalhadores e as
bancadas da oposição, como PDT, PSB ou coisa do gênero. Quem convive com o
Serjão e se beneficia dos seus métodos é o seu partido, Ver. João Dib, e,
possivelmente, o Sr. próprio, que governa em nível estadual e federal com o
PSDB, do qual o Serjão era Secretário-Geral até alguns dias. Eu não me lembro
de, em nenhum momento, V.Exa. ter subido à tribuna e condenado os métodos que o
Serjão têm usado para entregar o setor de telecomunicações - um dos maiores
patrimônios públicos -, entregar a ECT, comprar votos para a eleição. Isso
V.Exa. não critica. Então, por favor, Ver. João Dib, não exagere na dose e não
relacione o Serjão, essa figura, ao meu ver, indigna da política nacional, que
tem procedimentos inadequados que combatemos radicalmente, com o Prefeito Raul
Pont, que é exatamente a antítese desse tipo de procedimento.
Em segundo lugar, o Ver.
João Dib tem-se especializado na política do “façam o que eu digo, mas não
façam o que eu faço”, porque ele critica querendo igualar o Prefeito ao Serjão,
enquanto se cala diante de um Serjão real, de um Serjão que manda, que decide,
que tem um poder fantástico na República. Além do que, o seu partido também se
beneficia, porque faz parte do Governo, exceto o Ver. Pedro Américo Leal, que
tem mantido posições autônomas em relações às questões da entrega do patrimônio
público. Ele esteve conosco contra a entrega da Vale e tantas outras questões.
A questão do próprio IPTU,
que temos discutido insistentemente na Casa, o Vereador quer negar à
Administração Popular a condição de ter 14% da sua receita através desse
imposto direto sobre propriedade. No entanto, nos três anos em que foi prefeito
nunca teve menos de 14% de arrecadação da receita. Agora, ele quer negar à
Administração Popular. No primeiro, era 22% da receita, quando tínhamos muito
menos serviços públicos na Cidade, quando tínhamos metade da Cidade, ou mais,
vivendo com esgoto a céu aberto, sem asfaltamento, comendo poeira no verão e
pisando no barro no inverno. Outro, que nós temos a posição radicalmente
diferente; aí não pode ter 14% de tributos.
Então, nós vamos cumprir
aquilo que dissemos. Agora, não podemos deixar passar esse tipo de ignomínia,
que assim é uma expressão pouco usada, mas não deixa de estar absolutamente
correta no que toca à comparação do Prefeito Raul Pont com essa figura que é o
Serjão e que nós, povo brasileiro, vamos, no ano de 98, com certeza, banir do
cenário político e do comando do nosso País. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o art. 14 do PLE 25/97, resultante da aprovação da Emenda
26.
(O Sr. 1º Secretário procede
à chamada nominal.)
Solicito ao Sr. 1º
Secretário que refaça a chamada nominal, tendo em vista dúvidas ocorridas no
Plenário. (Após a chamada.) REJEITADO
por 29 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO. Mantido, portanto, o Veto a
ele aposto.
O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro a
inversão dos trabalhos, passando-se ao Grande Expediente para que façamos a
homenagem solicitada.
O SR. PRESIDENTE: Suspendemos a Sessão por alguns minutos para esclarecermos esse seu
Requerimento.
(Suspendem-se
os trabalhos às 16h24min.)
O SR. PRESIDENTE (às 16h31min): Estão reabertos os trabalhos. Vamos tentar
encaminhar no sentido de que há um acordo de lideranças para o seguinte
encaminhamento: estamos com pedido de adiamento de alguns projetos porque,
regularmente, não poderíamos votar; um deles não seria adiado, mas seria votado
sem discussão, sem encaminhamento, simbolicamente, uma vez que é um projeto que
foi discutido muito. Todos estão de acordo e já opinaram sobre o assunto.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
PROC. 2472/96 - VETO TOTAL AO PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 152/96, de autoria do Ver. Décio
Schauren, que institui, no Município de Porto Alegre, o Serviço de Prótese
Dentária como programa de atendimento à população carente.
Parecer
- da CCJ. Relator Ver. João Dib: pela manutenção do Veto Total.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da
CMPA - Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.
O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do
Ver. Renato Guimarães, solicitando seja adiada a discussão do PLL nº 152/96,
com Veto Total, por uma Sessão.
Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 1742/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 022/97, que autoriza o Executivo a
criar funções regidas pela CLT para cumprimento de decisões judiciais.
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. Cyro Martini: pela aprovação do Projeto;
- da CEFOR. Relator Ver. Luiz Braz: pela rejeição do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da
CMPA - Art. 82, § 1º, III, da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Em votação Requerimento assinado pelo Ver. Paulo Brum, que solicita
adiamento por uma Sessão da discussão do PLE nº 22/97. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 1880/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 026/97, que autoriza o Poder
Executivo a alienar imóvel do patrimônio municipal a Orion Ferreira Jardim,
José Darci Andreotti, Waldemar Alves Ferraz e dá outras providências.
Pareceres
- da
CCJ. Relator Ver. Nereu D’Ávila:
pela aprovação do Projeto;
- da
CEFOR. Relator Ver. Guilherme
Barbosa: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da
CMPA - Art. 82, § 1º, VIII, da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Em votação Requerimento assinado pelo Ver. Paulo Brum no sentido de que
o PLE nº 26/97 tenha adiada a sua discussão por uma Sessão. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 2612 - PROJETO DE
RESOLUÇÃO Nº 026/97, de autoria da Mesa Diretora, que altera a Lei nº 5811, de 08 de
dezembro de 1986, que estabelece o Sistema de Classificação de Cargos e Funções
Gratificadas da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.
Observações:
- para aprovação, voto
favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, § 1º, III, da LOM;
- dispensado de Parecer nos
termos do Art. 102, § 4º, do Regimento.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o Projeto de Resolução nº 26/97. (Pausa.) Não havendo
quem queira discutir, em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em votação Requerimento
assinado por várias lideranças, solicitando que o PLE nº 36/97 seja encaminhado
imediatamente para a CECE, para fins de Parecer, tendo em vista garantir para a
proposição manifestação da comissão técnica mais identificada com a matéria em
caso de abreviação do processo legislativo para obter prazos legais.
Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Existe um processo que já há algum tempo está à
espera da reunião conjunta das Comissões para poder ser votado. Eu conversava
com alguns Vereadores, inclusive com o Ver. Décio Schauren, que tem o
Substitutivo, e ele concordava também que pudéssemos fazer essa reunião
conjunta. Apelo aos componentes da Mesa para que façamos, rapidamente, um
intervalo na Sessão para realizar a reunião conjunta a fim de votarmos esse
Parecer.
O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, eu entendo.
A matéria é relevante. No entanto, eu queria fazer um apelo ao Ver. Luiz Braz e
à bancada do partido, inclusive compromete-se a manter-se no Plenário, para que
nós, imediatamente, abríssemos a Sessão Solene hoje, já que temos vários
visitantes, e, logo após, fazer a reunião conjunta das Comissões, como é praxe
desta Casa.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa entende que não há Requerimento, mas houve um acordo das
lideranças, que a Mesa está assumindo junto, para que, logo após o Grande
Expediente, seja feita a reunião conjunta das Comissões para a deliberação
sobre o processo que foi solicitado pelo Ver. Luiz Braz e que é de autoria do
Relator, Ver. Décio Schauren.
Em votação o Requerimento do
Ver. Renato Guimarães. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO o
Requerimento.
O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente,
solicito que os tempos do Grande Expediente que não forem utilizados hoje
sejam utilizados na próxima Sessão.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa tem essa prerrogativa de sustentar tempos quando forem
solicitados. Não é o mais comum, mas entendo que possa ser feito. Os que não
forem chamados - que terão que se manifestar antes, dizendo que não querem ser
chamados - ficam resguardados para a próxima Sessão.
Pedimos auxílio da
Assessoria para que consulte um por um.
Informamos que vão falar os
Vereadores Renato Guimarães, Pedro Ruas e Tereza Franco.
O SR. LUIZ BRAZ: A Vera. Sônia Santos, que não se encontra presente, mas eu, na condição
de Líder, vou fazer a cessão de tempo para o Ver. Cláudio Sebenelo para que ele
também possa falar nessa homenagem.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, na prerrogativa de autor do
Requerimento do Grande Expediente, eu falo como autor e estou cedendo o meu
tempo à Vera. Maria do Rosário, que falará pelo Partido dos Trabalhadores.
O SR. PRESIDENTE: Ficam preservados os tempos dos Vereadores Paulo Brum, Pedro Américo
Leal e Adeli Sell. Após a homenagem, poderão ser chamados.
Passamos ao
GRANDE EXPEDIENTE
Para iniciarmos este momento solene e importante para nós, e que é um período de Grande Expediente destinado a assinalar o transcurso de 30 anos de falecimento de Ernesto Che Guevara, estamos cumprindo aqui uma determinação que veio através do Requerimento nº 53, Proc. nº 809/97, que é de autoria do Ver. Renato Guimarães.
Queríamos convidar, além do
1º Secretário, para comparecer à Mesa o Vice-Presidente da Associação Cultural
José Martí, nosso estimado amigo Sr. Hans Baumann.
Queremos considerar como
extensão da Mesa as seguintes pessoas: Iloís Oliveira de Souza, representante
da Executiva Municipal do PCB; Valter Castilhos, representante da Cooperativa
Habitacional Metropolitana de Porto Alegre; Paulo Alves, Vice-Presidente da
Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul; Inês Rodenco, representante da
Executiva Municipal do PT, em Porto Alegre; Isabel Freitas, representante do
Diretório Estadual do PT; Ane Carrion, dirigente da Central de Movimentos
Populares; Luís Costa, representante da Executiva Estadual do PT; Nelson Sales,
representante da Executiva do PC do B; Raul Carrion, representante da UAMPA,
União das Associações dos Moradores de Porto Alegre; Leônidas da Silva e Marli
Ritter, do Sindicato dos Telefônicos; Eliezer Pacheco, Secretário-Geral do
CPERS/ Sindicato; Carlos Schmidt, da Diretoria da Associação dos Docentes da
UFRGS..
O Ver. Renato Guimarães está
com a palavra na condição de autor da homenagem.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Ver. Clovis Ilgenfritz; Sr.
Vice-Presidente da Associação Cultural José Martí, Sr. Hans Baumann; Senhoras e
Senhores, Vereadores desta Casa; Senhores representantes dos partidos
políticos; representantes do Movimento dos Sem-Terra, da CUT, da Federação dos
Metalúrgicos, do Sindicato dos Bancários e demais entidades sindicais e populares
que aqui se apresentam, Senhoras e Senhores:
Hoje, completam-se 30 anos
sem Che Guevara.
O companheiro Adaucto estava
dizendo que, no dia da morte de Che Guevara, chorou. Muitos dos que estão aqui
choraram. É interessante que se faça esse registro.
Pelo mundo todo,
proliferam-se homenagens e eventos para marcar esta data. É, portanto, uma bela
oportunidade para reflexão, uma reflexão sobre a trajetória dos muitos que
dedicam suas vidas à transformação de sonhos em realidade. Poderíamos citar
aqui Lamarca e muitos outros que precisam ser homenageados, daqueles que crêem
na possibilidade de revolucionar as condições de vida dos povos explorados
mudando-as para uma condição superior. Che mostrou-nos que isso é possível com
a sua trajetória de indignação e luta contra as injustiças. Seu exemplo de
luta, dignidade e desprendimento em nome da libertação dos povos ainda é
seguido em vários quadrantes do mundo. É nesse sentido, neste momento de
reflexão, que colocamos a tarefa de não ficarmos só nas lembranças de Che
Guevara, mas de transformarmos em ações concretas a nossa indignação quando
combinamos a luta imediata na Cidade de Porto Alegre por melhores condições de
vida, a luta geral pela terra, pelo crédito à produção agrícola, por trabalho,
saúde e educação, contra a marginalização social.
A nossa indignação torna-se
uma luta concreta quando não vacilamos em erguer bem alto a bandeira do
socialismo e da solidariedade internacional entre os povos explorados. Che
Guevara é exemplo dessa solidariedade internacional. Sua luta em Cuba, no
Congo, na Bolívia e em outros lugares nos mostra isso.
Hoje, quando os
trabalhadores de todo o mundo começam a dar respostas ao projeto neoliberal, o
exemplo do comandante Ernesto Che Guevara é lembrado por zapatistas, de Chiapas,
a Belfast; por grupos de “rap” do Harlem aos Andes peruanos; por nossos
sem-terras, que conhecem a história do Che e têm nele o seu mais importante
modelo de dignidade e firmeza moral, à resistência do povo do Timor Leste, que
é permeada pelo exemplo de Che Guevara. Os povos colombianos e do restante da
América Latina vão construindo a sua libertação sem perder a ternura.
Afirmamos aqui que a
história não acabou e que continua a ser construída por homens e mulheres em
todos os recantos do mundo. A Cuba socialista que Che Guevara ajudou a
construir sofre um longo embargo: recentemente covardes atentados terroristas,
mas seu povo segue resistindo com dignidade. Por isso é importante
reafirmarmos, neste momento, a nossa solidariedade a Cuba, assim como a luta do
povo do Timor Leste contra a dominação da Indonésia. Nesse sentido, esta
homenagem a Che é a nossa singela contribuição para que o debate sobre as
necessidades e lutas dos povos continue encontrando, nesta Casa, espaços
permanentes e democráticos. Assim, nosso mandato popular e socialista está a
serviço das lutas específicas e imediatas do nosso povo, da nossa Cidade, mas
também é um instrumento geral e internacional dos trabalhadores contra todo
tipo de opressão.
Aproveito esta ocasião, Sr.
Presidente, para requerer que sejam registrados nos Anais desta Casa, como
parte desta nossa homenagem ao Comandante Ernesto Che Guevara, “Por que dobram
os sinos para Che”, assinado pelo cientista político Dr. José Luís Marques,
publicado na edição de “Zero Hora” de hoje, e também “Por que combatemos”,
assinado pelo Subcomandante Marcos, do Exército Zapatista.
Por fim, gostaríamos de
registrar os nossos agradecimentos aos companheiros da Associação José Martí, à
sua Presidenta, Sra. Evengelina Veiga, aos diretores da entidade, aos
companheiros Goreti, João Madeira, aos funcionários do Memorial desta Casa, que
nos deram um amplo apoio para a realização de nossa exposição, aos companheiros
da Manutenção da Casa, que nos deram muita força.
Gostaríamos, ainda, de
convidar a todos os presentes a lerem “Hay camiño, Che”, uma publicação do
nosso mandato, uma singela contribuição para o debate e reflexão sobre a
trajetória do Comandante Ernesto Che Guevara e sua luta, que se desenvolve
ainda hoje. Viva a luta popular! Viva o socialismo! “Hay” sempre. Muito
obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a palavra pelo PDT, PSB e PFL.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ilustres Companheiros e Companheiras
representantes de partidos políticos, entidades e sindicatos que nos dão a
honra de suas presenças no dia de hoje. É com muita honra e profunda emoção
que, neste momento, falo em nome do PDT, partido ao qual pertenço. Falo também
em nome do PSB - Vereadores Carlos Garcia e Hélio Corbellini - e do PFL - Ver.
Reginaldo Pujol -, que me pediu que dissesse que sobre o Comandante Guevara
falassem os seus companheiros, admiradores e seguidores de seus ideais, que ele
respeitava, e que o nosso discurso ele assinaria. Com muita emoção e sem
licença prévia falo, também, em nome do saudoso Ver. Valneri Antunes, cuja
cadeira nesta Casa ocupo com muita honra, e que muito do que sei sobre Guevara
aprendi com Valneri. Digo aos Senhores, às Senhoras, aos Companheiros e aos
Vereadores que este momento de emoção se deve, fundamentalmente, à
sensibilidade desta Casa e à iniciativa do Ver. Renato Guimarães, a quem
rendemos nossas homenagens.
Por todos os caminhos e de
alguma forma, deve-se, no trigésimo ano da morte de Guevara, fazer o registro
daquilo que os 39 anos de vida de Ernesto Che Guevara representaram para todo o
mundo, para nós, em especial, seus seguidores, seus alunos, seus companheiros
de ideais. Guevara continua sendo o símbolo maior de resistência contra o
imperialismo; Guevara foi e é o norte de uma luta política que não tem
fronteiras ou limites geográficos. No momento em que ele dedicou sua vida, com
rara competência, com extraordinária bravura e sensibilidade, à questão geral
da humanidade e ofereceu a sua morte para todos nós, o caminho está indicado.
Quando Chevara seguiu para a Bolívia, obviamente sabia dos riscos que aquele
caminho trazia. Já tinha atrás de si toda uma trajetória que passava a ser a
referência internacional da luta pela causa popular, mas tinha também a consciência
de que sua eventual morte, programada dentro dos riscos que qualquer atividade
revolucionária conseqüente traz, seria também uma forma de demonstrar que há
ideais, há causas e motivos que justificam uma vida e engrandecem o final desta
vida. Na verdade, Guevara, com todo o seu exemplo, em todos os momentos
demonstrou o que é ser socialista, o que é ser revolucionário, o que é ter
compromissos com a população.
Quando Fidel Castro soube da
morte de Guevara, em Havana, falou que se alguém quisesse um modelo de amigo
que lembrasse de Che, se alguém quisesse um modelo de revolucionário que
lembrasse de Che, se alguma causa da humanidade precisasse de um comandante que
lembrasse de Che. Para nós, essa é a expressão mais forte que podemos utilizar.
Recentemente, Fidel Castro, referindo-se a Guevara, dizia que ele continua
sendo o oponente mais poderoso que o imperialismo já conheceu. Então,
modestamente, na Câmara Municipal de Porto Alegre, temos a obrigação e o
orgulho de fazer a referência daquilo que foram efetivamente os 39 anos de vida
de Guevara, aquilo que ele nos mostrou com a sua vida, com o seu passamento,
com a sua luta, com a sua dedicação, com o seu amor e com o seu empenho à causa
socialista, aquilo que foi e será nos anos seguintes, não nesses 30 anos, nem
nos 50, mas em todos os que se seguirão, o exemplo perfeito de uma militância
desinteressada no sentido pessoal e, acima de tudo, competente no sentido
concreto de realizar efetivamente, de ousar com franqueza e dedicação, de
demonstrar que o socialismo de verdade e a causa da humanidade merecem o nosso
sacrifício e, se for necessário, merecem a nossa vida e merecem cada gota de
sangue e suor que estiver disponível para uma causa tão nobre. Por isso Guevara
foi e é tão importante. Por isso, nesses 30 anos, o mundo inteiro tem a
obrigação de fazer o registro, de mencionar que a humanidade produziu, sim,
pessoas do porte de Ernesto Guevara, que na definição de Sartre foi o homem
mais perfeito do séc. XX.
Para todos nós é um orgulho
podermos ter convivido com a sua imagem, com a sua liderança, com aquilo que
ele conseguiu produzir. Nesse sentido, somos mais privilegiados que
companheiros de luta que nasceram e morreram antes da vida de Guevara. Nesse
sentido, somos mais privilegiados do que companheiros de luta que nascerão e
viverão muito depois da morte de Guevara, porque nós tivemos a oportunidade de
conviver com as lutas de Guevara e com o seu exemplo logo após sua morte. E
isso, companheiro Jairo Carneiro, não é apenas um privilégio. Isso é também uma
responsabilidade muito grande, porque a nossa geração, que teve conhecimento da
vida de Guevara, que aprendeu com o seu exemplo, nós, que choramos sua morte,
temos a responsabilidade de empunhar também a sua bandeira e tentar,
modestamente, seguir o seu caminho. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar a presença do Sr. Jonas Ricardo, que é Relações
Públicas do Movimento Sem-Terra, e também do Sr. Jairo Carneiro,
Vice-Presidente da CUT Estadual.
O Ver. Reginaldo Pujol cede
seu tempo à Vera. Clênia Maranhão, que está com a palavra.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, Sr.
Vice-Presidente da Associação Cultural José Martí, lideranças políticas que
acompanham este emocionante ato nesta tarde, eu queria, inicialmente,
parabenizar o Ver. Renato Guimarães e esta Casa por esta homenagem e também
pelo espaço que tem sido reservado para a exposição em homenagem a Che Guevara.
E queria, nesta oportunidade, agradecer à Associação José Martí pelo que tem
feito nesses últimos dias, acrescentando a tudo que tem feito anteriormente,
para resgatar a história do Che, sua história de homem, de mito e de herói.
Eu pensei em falar do que
significa a luta do Che, desde sua história na Argentina, o seu trabalho com os
exilados cubanos no México, a sua luta incansável com os companheiros e com o
comandante Fidel em Cuba, relembrar, quem sabe, Sierra Maestra. Pensei, aqui,
em relembrar a coerência de seus princípios internacionalistas, relembrar, com pesar,
da brutalidade do seu assassinato pelos mesmos que penalizaram tanto os heróis
latino-americanos, porém reservei meu pensamento, que expresso nessa
intervenção, para relembrar a influência que teve o Che numa geração inteira,
num continente inteiro e em outros continentes, a repercussão que teve em cada
um de nós de sua geração e os atos de indignação que se sucederam a sua morte
em todo o mundo. Queria relembrar que sua história, seu exemplo, sua vida, sua
luta faziam-nos transportar a literatura de sua vida reproduzida em xerox, que
passávamos, clandestinamente, de mãos em mãos, aos outros estudantes das
escolas, das universidades, materiais fornecidos pelas lideranças dos grêmios e
daqueles que queriam organizar as UGES, a UNE, as entidades estudantis.
Esta tarde, Ver. Renato,
faz-nos lembrar dos textos, em xerox, escondidos nos bolsos das roupas dos
operários das fábricas, e daqueles pôsteres que escondíamos dentro da porta de
nossos armários, porque não poderiam estar do lado de fora, e que só poderiam
ser vistos por aqueles de nossa extrema confiança. Faz-me lembrar da emoção e
daqueles que se exilavam e que podiam colocar à porta das suas salas as fotos
enormes do Che. Era, na verdade, uma resposta, um desafio, ainda que distante,
que demonstrava a intenção do prosseguimento de luta, espelhado em Che Guevara.
Queria, nesta tarde, lembrar
que cada passo que retomávamos, colocando nas ruas as imagens do Che,
significavam avanço na democracia que queríamos construir. E quando, na Rua da
Praia, conseguíamos colocar os pôsteres do Che, disputando espaços ao lado dos
pôsteres de Jimmy Hendrix e Janis Joplin, conquistávamos um espaço de
cidadania. Talvez, se hoje fizéssemos uma análise, se ultrapassássemos a
aparência das coisas, até pudéssemos concluir que a sua luta não teve frutos
ainda no Continente Latino-americano. Porém, acredito que hoje, no Brasil e em
toda a América Latina, sua luta já teve frutos, apesar de tantas injustiças e
desigualdades, porque o Che, o maior mito deste século, para muitos, e o maior
herói deste século, para tantos, já deixou a sua marca indelével na história
política de nosso Continente pela sua capacidade de lutar sempre, de perseverar
sempre e de conseguir construir o binômio da luta e da ternura, da autoridade e
da democracia, do humanismo. E eu me lembrava, quando recebi o convite em que
era reafirmada pelo Vereador a homenagem para esta tarde, do jovem Castañeda em
seu livro “Guevara, a vida em vermelho”, que dedicou a seu filho Jorge Landez,
que segundo ele “não conheceu os anos 60, mas que algum dia viverá dias
melhores”.
Eu queria acrescentar que
muito do que vivemos, das lutas que levamos, tem a inspiração do Comandante
Che. Isso me faz lembrar o inesquecível personagem do carteiro, de “O Carteiro
e o Poeta”, que na sua relação romântico-revolucionária com Neruda seguia seu
modelo, mas, na verdade, vivendo a sua luta. E todos nós que vivemos sob o
exemplo da sua liderança, seguramente, por todos os caminhos, seguiremos
levando a sua história. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Guilherme Barbosa): O Ver.
Renato Guimarães, inscrito, cede seu tempo à Vera. Maria do Rosário.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, neste momento presidindo os
trabalhos, Ver. Guilherme Barbosa; Sr. Vice-Presidente da Associação Cultural
José Martí, Sr. Hans Baumann; Srs. Vereadores e Vereadoras; Senhores e Senhoras
aqui presentes; companheiros e companheiras.
Nesta tarde em que lembramos
o companheiro Comandante Che Guevara, falo em tempo do Ver. Renato Guimarães e
em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores. É certo que nesses 30 anos e
neste dia em especial precisamos nós, na nossa época, lembrar Che Guevara e
reafirmarmos, com toda a força da nossa humanidade, para a juventude, para os
homens e mulheres que vivem esse tempo, a importância e a atualidade do legado
de Che para as transformações que estão colocadas como desafios para todos nós
ainda hoje.
Sem dúvida que a revolução
apresentada pelos caminhos percorridos por Che durante toda a sua vida é permeada
pela generosidade, pela determinação. Ela é construída, em todos os momentos,
absolutamente voltada para a libertação humana, reconhecendo em cada pessoa um
companheiro e a possibilidade de transformarmos radicalmente a sociedade para a
existência de uma vida melhor, feliz e com alegria.
Che Guevara é para nós um
exemplo da luta apaixonada e consciente, ao mesmo tempo, contra toda a
opressão. Em sua vida, nós podemos observar a absoluta admiração e dedicação
que deu a todos os povos do mundo. Sendo argentino de nascimento, passou pelo
México, Guatemala, por Cuba, por países da África, pela Bolívia. Por tantos
lugares deixou a sua marca porque sabia que o fio condutor une a cada um que
produz e trabalha em todas as terras. Esse fio condutor é a nossa origem de
classe, é a nossa determinação para a liberdade, é a necessidade de desafiarmos
os poderosos em cada país e construirmos, sim, uma sociedade que seja justa por
princípio e, portanto, baseada nos princípios do socialismo.
Assim, por todo um caminho,
o Comandante Che nos apresentou a luta ao lado de Fidel, de Camilo, de Raul, ao
lado de tantos companheiros revolucionários. Cuba foi transformada, não num
farol, como muitos querem fazer, mas, sem dúvida, num espaço de liberdade, de
esperança, de valorização humana onde o fundamental para aquele país é que ele
continua nos dando, desde àquela época até os dias de hoje, nesses mais de 30
anos, a idéia de que é possível afirmarmos a revolução, o socialismo, uma
caminhada de liberdade, de reconhecimento de que, acima da valorização humana,
nada há.
Nesses tempos em que o
mercado é endeusado, em que o neoliberalismo é apresentado como a única solução
para os povos, nesses tempos em que já podemos ver os reflexos, os resultados
práticos da opressão capitalista sobre os nossos povos, mais ainda somos
chamados à luta pelo exemplo vivo de Che, pela nossa consciência, para nos
colocarmos ao lado dos que sofrem, dos que são humilhados, explorados, mas que
sabem que o caminho da libertação é o caminho da luta para todos os povos e de
que, mais do que nunca, é preciso serrarmos fileiras e nos apresentarmos,
fortalecendo os movimentos populares no sentido de construirmos a nossa
caminhada para sermos também um povo liberto.
Os povos dos dias de hoje
resistem, resistem e apresentam-se, ainda nos dias de hoje, com força, por mais
que sejam sufocados pelos grandes conglomerados internacionais, no caminho da
revolução para chegar à liberdade. E a atualidade do pensamento de Che Guevara
nos traz, nos dias de hoje, a um parlamento como este, através desta homenagem
proposta pelo Ver. Renato Guimarães, para podermos dizer da nossa liberdade em
ocuparmos este espaço no Parlamento de Porto Alegre, falando, sim, no
socialismo, na esperança dos povos e na revolução, porque é para isso que
estamos aqui, não para a reafirmação do sistema capitalista e opressor, mas
para, seguindo o exemplo de Guevara, dizer que estamos dispostos a lutar por
dias melhores, por uma vida digna para cada um.
Nesse sentido, Srs.
Vereadores, Vereadoras, companheiros e companheiras, quero encerrar este
pronunciamento em nome da Bancada do PT e dizer que desafios são aceitos por
nós. Quero ler do livro “Sem-Terra - As Músicas do MST”, da Unidade Editorial
Porto Alegre, editado pela Prefeitura Municipal desta Cidade, um poema que é,
ao mesmo tempo, uma canção escrita por companheiros do Movimento Sem-Terra e
que nos dias de hoje representa, no nosso País, a força e a determinação do
Comandante Guevara:
“Companheiros de Guevara”,
de Ademar Bogo.
“Se não tiver o amanhã,
brindaremos o ontem e saberemos, então, onde está o horizonte. Aí cantaremos
segredos, e todos os medos serão alegrias. Veremos que o pássaro só canta
quando não alcança a sua rebeldia. E na sombra da verdade, estará a liberdade
que a gente queria. Então ouviremos da história o grito de glória da nossa
utopia. E quem ficou sem chegar, sem poder andar estará presente. Grande será o
nosso espanto de ver o encanto do bom comandante, chegando na hora certa com a
voz desperta, nossa rebeldia, companheiros de Guevara trilhando a estrada por
um novo dia.”
Até a vitória, companheiros.
Viva Che Guevara! Viva os povos do mundo que lutam pelo socialismo e pela
liberdade! E viva, em especial, nesta data, o povo cubano, que o acolheu e a
quem Guevara também escolheu como seu povo, assim como todos os povos do mundo.
Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Em seguida, temos a inscrição da Vera. Sônia Santos, que cedeu seu
tempo ao Ver. Cláudio Sebenelo.
O Ver. Cláudio Sebenelo está
com a palavra.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Comandante Che, da minha longínqua juventude: a
coisa por aqui ainda é muito difícil. Às vezes, derrotas, e essas derrotas
talvez sejam muito mais questionadoras, sejam a mestra da visão privilegiada,
muito mais do que a embriaguez dos triunfos, que nos faz aprender. Contra o
imperialismo, contra a opressão, mas formalmente pela democracia, temos muitas
vezes a amargar debates, e é nela que crescemos.
A todo mito corresponde um
rito. Em Guevara, o ritual, o rito está na seriedade com a coisa pública, a
lealdade até a morte, a inadmissão do clientelismo e do populismo - tendência
natural dos governos. Mesmo sabendo-se traído, disposto a ser leal até a morte,
a enfrentar o desconhecido sem medo, suicidamente inconsciente, tirando do nada
a liberdade, o cerne valoroso do conteúdo das raízes do seu povo. Falo do Che
por dentro, asmático, genioso, genial, amigo, mas essencialmente humano. Falo
de Che na sua beleza agradável, da sua boina, do seu charuto, da sua medicina,
pelo lado de fora. Você, Che, faz parte da minha “sociedade dos poetas mortos”,
como poeta, como leitor, como lenda, como exemplo inesquecível, inamovível, do
caminho que os séculos nos farão trilhar na busca incessante de uma sociedade
muito menos hipócrita, muito mais fraterna, muito mais igualitária.
Che, você não pode imaginar,
mas tua falta caminha ao nosso lado, ao lado de uma enlouquecida esperança.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Sônia Santos está com a palavra em Comunicação de Líder.
A SRA. SÔNIA SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores; Exmo. Sr. 1º
Secretário, Ver. Paulo Brum; Vice-Presidente da Associação Cultural José Martí,
Sr. Hans Baumann. Quando olhamos para uma figura carismática como foi Che Guevara,
automaticamente lembramos de sua trajetória de lutas, daquele ideal pelo qual
ele lutou. Todavia, eu convido todos vocês a enfocarem um outro Che que havia
por detrás desse, mas não menos importante: um Che que era sensível, um Che que
lutou, desde jovem, pela vida, um Che que lutou contra a injustiça dentro ou
fora do seu grupo. Eu digo um Che sensível porque só alguém muito sensível
diria que, para ser-se um revolucionário, tinha-se que ter amor pela causa pela
qual se luta. E isso foi, verdadeiramente, o que ele fez.
Muitas pessoas pensam ser um
contra-senso revolução e amor. Che provou que não. Mário Quintana diz que “amar
é quando a alma muda de casa”. Verdadeiramente, a alma de Che não morava
consigo; essa alma morava onde quer que um povo precisasse dela. Hoje, essa
alma mora no coração e na vida de muitas pessoas, que, ao olharem a figura de
Che Guevara, sentem-se inspiradas e com a determinação de continuar a sua luta
para todos nós termos um mundo melhor. Muito obrigada. (Palmas)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Com a palavra, a Vera. Tereza Franco em
Grande Expediente.
A SRA. TEREZA FRANCO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais autoridades
presentes, ocupo mais uma vez esta tribuna para deixar registrado, nesta data
que marca os 30 anos do assassinato de Ernesto Che Guevara, o meu respeito, a
minha admiração por esse homem que marcou com sua própria existência a vida de
todos nós.
Che, tu, que viveste teu
sonho, viveste num mundo imaginário de igualdade, justiça, amor pelos homens,
por todos os homens. Em teu mundo de sonho não existia espaço para a miséria,
para as lágrimas de crianças famintas; não existiam mães e velhos desamparados,
nem as trevas da ignorância. Em teus passos pelo mundo, deixaste tuas pegadas
de solidariedade e justiça. E hoje és seguido por muitos outros.
Louco. Somente um louco
poderia acreditar que é possível construir um mundo justo e igual, onde a
fartura e a justiça brotem das mãos calejadas de nosso povo. Somente um louco
poderia imaginar que todos nós somos iguais perante Deus e os homens.
Santo. Somente um santo pode
ver e viver num mundo de amor e paz. Sonhando, morreu. Vivendo o futuro, o
futuro muito próximo, onde a fome, a miséria, a injustiça virarão páginas
amareladas de velhos livros esquecidos e escondidos nas bibliotecas dos nossos
filhos.
Para que os filhos dos
nossos filhos sigam as tuas pegadas de amor e cantem o teu hino em paz,
seguiremos teus passos, embalados por tuas canções. À paz, Comandante! Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para uma Comunicação de
Líder.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, prezado Hans Baumann,
Vice-Presidente da Associação José Martí; Srs. Vereadores; visitantes que comungam
da nossa causa.
Os libertários de todo o
mundo usam essa data emblemática do 8 de outubro para assinalar um
acontecimento que ainda não produziu, apesar de 30 anos passados, uma análise
mais profunda, mais concludente, sobre o que significou a vida de Che Guevara
neste Continente. Falo neste Continente porque o Novo Mundo, que tem escassos
500 anos, já foi palco de muitas lutas: umas antigas, com características de
libertação do colonialismo; outras, mais modernas, de libertação econômica, que
são as mais importantes. Nesse sentido, a lição de Che Guevara nos impõe um
respeito muito grande, porque em um continente novo, principalmente na parte
sul da América Latina, nós temos hoje um novo mito no qual nos inspirarmos para
continuar essa luta. Não falo em mitos religiosos ou de outra natureza, porque
tivemos alguns, apesar do Novo Mundo, mas em um mito político, um mito
libertário. Este mito, hoje, é encarnado por Che Guevara. A juventude
latino-americana ainda tem na figura de Guevara um referencial. Muito daquilo
pelo que estamos combatendo ainda hoje Guevara já apontava e, mesmo antes dele,
as coisas eram ainda piores.
Nós temos essa bússola para
seguir. Temos um objetivo a alcançar. Não será fácil, mas as perspectivas nos
apontam a continuidade da luta e nos fortalecemos com o exemplo de Guevara para
que o futuro não seja perdido. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra, em
Grande Expediente, para falar em meu nome.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, meu companheiro Hans Baumann, que
representa aqui uma platéia significativa e que tem uma tradição de lutas
populares, sindicais, que são muito importantes e prezadas por nós. Eu não ia
falar, porque presidente não está na lista e não tem tempo de Liderança, mas
acredito que o Ver. Paulo Brum leu o meu pensamento, sentiu um pouco da minha
emoção e me pediu que falasse no lugar dele.
Eu quero dizer, Paulo, que
estou falando porque tu me mandaste e acredito que é importante que falemos do
coração e da razão. Esta homenagem que este jovem, o Renato, nosso Vereador,
está fazendo ao seu amigo Che Guevara me desperta, quem sabe, uma vez mais, a
esperança de que muitos, milhares e milhões de Guevaras estão neste mundo
querendo fazer o que ele fez: escolher os caminhos difíceis que põem em risco
diretamente a vida
Em 1963, há 30 anos, mais ou
menos, nesses dias de outubro, eu tive a satisfação de conviver, durante quase
duas semanas, com as lideranças de Cuba, em especial com Che Guevara e Osmani
Cienfuegos, que era irmão do Camilo Cienfuegos, num congresso mundial de
estudantes de Arquitetura. Foi uma experiência, talvez, a mais emocionante,
porque eu era muito jovem e via no Che Guevara uma luta séria e sincera, que
tinha um caráter permanente, uma luta pela busca da vida, da dignidade das
pessoas, do respeito àqueles que queriam ter a liberdade de existir.
Nós ouvimos do Che Guevara,
na abertura do encontro mundial de estudantes de Arquitetura de todo o mundo,
com quatro mil e poucos estudantes, o mais ontológico discurso que eu já ouvi
na minha vida, num salão enorme da Central Sindical de Cuba. Nas paredes havia
painéis, desenhos de pessoas que chegavam na montanha com arma, em fila,
mandados pelo Batista, ditador, para prender Che Guevara, Fidel Castro, os
revolucionários sonhadores que estavam naquelas montanhas. A grande maioria
deles sentiu que a força que emanava daquelas cabeças revolucionárias era muito
mais forte do que o comando que Batista tinha sobre seus destinos e armas. Eles
entregavam as armas ao Che Guevara, ao Fidel Castro, ao Camilo Sinfuego e a
todos aqueles que estavam ali, juntando-se ao batalhão revolucionário, porque
eles estavam conhecendo a mensagem que era completamente diferente daquela que
acontecia com o Governo Bastista, que era um sangüinário ditador, que mandava
castrar os jovens, que teve uma história importantíssima, que foi a prisão de
Che Guevara e de Fidel Castro na Prisão de Moncada, cujo discurso de Fidel
Castro na sua autodefesa foi algo que ficou nas páginas da história. O Che
Guevara olhava aquelas figuras, aquele número enorme de estudantes, alguns
professores, arquitetos e fez o discurso sobre a questão política, dizendo:
“Sei que vocês são arquitetos, mas me permitam que fale de política”. E fez o
discurso sobre o “apolítico”, pois muitos se orgulhavam de dizer que eram
políticos a rigor, que ficavam ao lado dos seus adversários, aqueles que se
diziam “apolíticos”. Falou dos guzanos, com quem eles tentavam trabalhar para
reconquistá-los, pessoas que por um outro motivo, até por convicção, saíam a
fazer a contra-revolução. Isso já no quarto ano de mandato dos revolucionários.
Então, aquele discurso, que eu vou procurar para trazer e dar uma cópia para
quem quiser, foi algo que marcou toda aquela juventude de uma forma indelével.
É por isso que em minha homenagem - nunca pensei que fosse ter aqui na Internet
da nossa Câmara, que há alguns dias fui ler, observei que havia uma citação
minha ao Che Guevara, e alguém me disse “teu ídolo” - eu o citei como exemplo,
mas acho que pode ser ídolo.
Alguns procuram colocar
questões adversas, comportamentos, remover coisas contra o Che Guevara, mas eu
estou batizado. Quero ficar com a imagem da qual estamos falando aqui, em
especial com a imagem que a Vera. Sônia colocou, que é da ternura, do amor, da
crença, da esperança, da mudança, da rebeldia, da capacidade de entender que a
nossa vida nada vale se ela não for usada para esse tipo de atitude, que é a
busca da dignidade e da confraternização de todos.
Eu disse ao Renato que eu
também chorei naquele dia.
É importante esta homenagem
que a Câmara faz. Falo como Vereador e agradeço ao Ver. Paulo Brum por ter-me
deixado falar. Sinto-me privilegiado por ter podido contar a vocês uma
experiência própria, que já contei várias vezes. As pessoas me dizem que eu
estou sempre repetindo, mas isso é o melhor que eu tenho, é o meu currículo. Eu
gosto de dizer isso, porque é muito importante para mim ter tido aquele
convívio de várias reuniões. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Passamos a palavra ao Sr.
Hans Baumann, Vice- Presidente da Associação Cultural José Martí.
O SR. HANS BAUMANN: Sr. Presidente da Câmara de Vereadores, Ver. Clovis Ilgenfritz, meu
amigo há 40 anos; Sr. 1º Secretário, Ver. Paulo Brum; Vereadores presentes;
partidos políticos representados; sindicatos; associações; companheiros da José
Martí e demais companheiros, hoje é um dia especial para a Associação Cultural
José Martí porque hoje nos sentimos regozijados em função da solidariedade que
esta Câmara está prestando ao assassinato de Che. E estamos vendo que o nosso
esforço de quase 10 anos de solidariedade a Cuba e aos demais povos da América
Latina e Caribe teve o seu efeito, frutificou, não que se fizessem grandes
revoluções, grandes conquistas, mas que a nossa luta é reconhecida pelo fato de
estarmos aqui, sermos convidados por esta Casa e podermos dizer algumas coisas
sobre Che Guevara.
Che foi um elemento útil
dentro da filosofia marxista e socialista da nossa época, porque ele saiu da
Argentina, tendo percorrido os países antes da Revolução Cubana, e teve
experiências grandiosas: conheceu, no México, os remanescentes do ataque ao
quartel de Moncada, Fidel e companhia, e se apresentou para lutar pela
libertação de Cuba. Lutando em Cuba, ele granjeou a simpatia de todo o povo
cubano. Argentino de nascença, viu que, apesar de ter ocupado, depois da
Revolução, altos postos na direção do País, havia outros caminhos a percorrer,
caminhos de internacionalismo revolucionário, que é uma coisa muito importante
e uma visão muito ampla e muito grande daquilo que o homem pode realizar em
contato com outros povos.
Che, o internacionalista -
que eu acho a coisa mais importante que ele nos legou. Porque, se vamos retomar
a história do mundo, verificamos que, desde Spartacus, libertador dos escravos
na época do jugo romano, e todos aqueles que lutaram pela liberdade e pela
autodeterminação, os lutadores pela Revolução Francesa, Robespierre, Danton,
etc, passando mais à frente - não posso citar todos -, caímos numa luta muito
importante, que aconteceu há 61 anos atrás, que foi a Guerra Civil Espanhola.
Aí, o internacionalismo proletário, o internacionalismo dos democratas do mundo
inteiro que, às dezenas e milhares, se deslocaram para a Espanha tinha um
sentido: democracia de um lado, fascismo e nazismo de outro. Perderam, mas
mostraram ao mundo - e morreram lá, inclusive, muitos aqui do Brasil - que vale
a pena lutar para salvar a democracia e a liberdade.
Che, o internacionalista.
Che, que se deslocou para a Bolívia. Muitos se perguntam por que a Bolívia. Não
há uma resposta muito clara sobre isso, apesar dos últimos livros que têm sido
escritos. Mas escolheu um país onde havia acontecido uma reforma agrária, onde
havia uma proletariado bastante atuante, mineiros da Bolívia - quem não se
lembra - que inclusive ajudaram na Revolução Boliviana antes de o Che
desembarcar na Bolívia. Tinha uma espécie de tradição. Bolívia era fronteira
com o Brasil, Argentina, Paraguai e ele achava, despedindo-se de Cuba, onde
considerava ter cumprido com a sua obrigação de revolucionário e também de
elemento dentro da execução do famoso plano de industrialização de Cuba, etc,
ele achava que ali poderia continuar a sua luta e acordar todos os nossos
povos, inclusive o Brasil, que, na época em que ele foi assassinado, já estava
sob o jugo da ditadura militar. E aqui havia bastante focos guerrilheiros
urbanos e também no campo.
Diz-se que o Che é hoje
muito consumido, com camisetas, botas, broches, por todas as forças
democráticas - não precisa ser de esquerda. Ele positivamente é consumido,
porque foi um mártir e é hoje um exemplo de luta para os povos. Principalmente,
se estivesse vivo hoje, ele mais uma vez se empenharia nessa luta, nessa época
do neoliberalismo, que é nefasto ao progresso e emancipação dos povos.
Quero citar Che Guevara, que
falou quando chegou à Bolívia: “Cada gota de sangue derramada sobre um
território sob a bandeira do qual não se nasceu é uma experiência recolhida por
aquele que sobrevive a fim de aplicá-la em seguida à luta de libertação do seu
lugar de origem, e cada povo que se liberta é uma etapa ganha da batalha pela
libertação do seu próprio povo.” Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a todos pela presença, em especial à representação José
Martí. Informamos que há uma exposição de fotos e cartazes, cedidos pela
Associação Cultural José Martí, pela Sra. Evangelina Veiga, Sr. João Carlos
Madeira e a artista plástica Lina Gross. Esta exposição sobre a vida de Che é
muito interessante e está em nossa Galeria Clébio Sória.
Estão suspensos os
trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 17h53min.)
O SR. PRESIDENTE (às 17h54min): Estão reabertos os trabalhos e o Ver. Pedro Américo
Leal cede o seu tempo, em Grande Expediente, para o Ver. João Dib, que está com
a palavra.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, algumas coisas não se pode deixar
passar em branco, como, por exemplo, quando a Administração do PT, através de
sua Bancada, através de sua Liderança, vem a esta tribuna dizer que quando o
Ver. João Dib foi Prefeito o IPTU era cobrado de forma desbragada. Não! O IPTU,
na Administração João Dib, foi acrescido três vezes. Para 211% de inflação,
120%; para 225% de inflação, 125%; para 235% de inflação, 160%. Isso porque
quem arrecadaria o dinheiro seria o Prefeito que me substituiria. Mas, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, números são números, e em nome deles ninguém deve
fazer artifícios, a não ser que seja um bom matemático.
O ICMS, naquela época,
representava 20% da arrecadação a ser distribuída para os municípios; desses, o
Município de Porto Alegre recebia, mais ou menos, 12,5%. Hoje, a parte para os
municípios é de 25%, e o Município de Porto Alegre recebe um pouquinho mais de
23%, graças a Deus, e gostaria que recebesse aquilo que lhe é devido até, mas
aí depende da própria Administração para que possa receber mais e usar mais o
dinheiro. São 13%, 13,5% de 25%, e não 12,5% de 20%. A Administração petista
mostra que um Gol paga mais IPVA do que uma casa de mesmo valor, esquecendo-se
que metade desse IPVA, no momento em que nós pagamos, imediatamente é creditado
para a Prefeitura do município onde foi arrecado o IPVA. Eu, quando Prefeito,
não tinha esta mordomia. O ITBI, que os cartórios chegam a ficar corados com a
valorização dada pela Prefeitura! E eu experimentei isso. Com estacionamento a
céu aberto, classificaram como estacionamento de alvenaria, e não adiantou
discutir; também não cabia para a Prefeitura. A Prefeitura do João Dib e dos
outros prefeitos que o antecederam não cobravam a taxa do pluvial e também não
recebiam dinheiro do SUS, 200 milhões de reais. Fazendo esse somatório todo, é
claro que o IPTU tinha uma representação mais significativa naquele pobre
orçamento que a bíblia do PT diz que aqueles seis anos em que fui prefeito
foram os seis anos que a Prefeitura teve menos dinheiro; portanto, o IPTU
deveria representar alguma coisa. Mesmo assim, o Prefeito João Dib nunca
exorbitou de suas funções e, em vez de 1.750% de inflação, aplicou 3.500,
5.000, 8.000, 9.000, 12.000 e até 20.000% em cima da planta de valores que foi
desonestamente editada no Diário Oficial do dia 28 de dezembro de 1991. Pois
não tinha sido votada, nesta Casa, e já tinha sido encaminhada cópia da lei
para o Diário Oficial. A única maneira de colocar no Diário Oficial era mandar
antes de votar aqui. Às 00h06min do dia 28 de dezembro de 1991, o PT
encaminhava uma planta de valores que não foi aprovada na Casa até hoje. A Redação
Final não foi aprovada e o Presidente da Casa, no dia 31 de dezembro - não no
dia 28, até porque era sábado, dia 29 era domingo, dia 30 segunda-feira -, ele
comunicou ao Prefeito de Porto Alegre, Sr. Olívio Dutra, que a planta de
valores não tivera sua Redação Final aprovada. E estão, no Supremo Tribunal de
Justiça, várias ações que a Prefeitura já perdeu. E até o Ministério Público
encaminhou uma ação contra a Prefeitura. E para o João Dib não aconteceu nada
disso.
Então, não vou levar aula do
jovem e emocionado Líder do PT sem que eu possa responder com números, porque
números não mentem. Em nome dos números, muita gente mente e até, às vezes, não
mente, porque é tão mal-informado que se equivoca. Quando falarem de números
com pessoas que conhecem números, cuidem dos números, como é o caso do
Secretário da Fazenda, que não sabe ler a Lei Complementar nº 7, art. 9,
parágrafo único, para afirmar as coisas que afirma com toda a tranqüilidade,
porque é um homem sério, mas afirma equivocadamente que as coisas não acontecem
como este Vereador analisa. Eu gostaria de ser contestado, mas com dados e não
apenas com a emoção, não apenas com a vontade de que fosse diferente.
Números são números, volto a
dizer; não mentem jamais. Mas, em nome dos números, muita gente mente e maior
número ainda se equivoca, mas isso não me impede que eu diga ao Secretário da
Fazenda, ao Líder do PT e para todos aqueles que teimam em analisar de forma
diferente os números: saúde e paz.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, trago à discussão de hoje algo
deveras importante, porque sei que os Senhores e Senhoras assim o consideram.
Já abordei de passagem aqui: trata-se da difícil situação econômica que vivem
muitos brasileiros.
Nós, que desfrutamos de uma
razoável condição de vida neste Estado e, particularmente, nesta Capital, não
estamos fora desse processo. O jornal de hoje: “Inadimplência chega a 34% no
seguro-fiança”. Portanto, pessoas estão ameaçadas de perder o seu local de
moradia porque não têm casa própria, moram de aluguel. Mas não é apenas isso.
Pessoas que possuem propriedades, hipotecaram-nas; pessoas que contraíram
empréstimos têm os seus bens, às vezes, não só penhorados, caro Ver. João Dib,
mas, mais do que isso, tiveram que passar os seus bens para o nome de outro até
poderem pagar as suas dívidas, porque isso também se faz neste País. O País da
usura e da agiotagem. A usura e a agiotagem não trazem desenvolvimento. Trazem
desgraça econômica, desgraça social, desgraça pessoal. É por isso que eu trago
essa discussão a esta Casa, mas ela não está restrita a esta Casa.
Está em gestação uma
associação de devedores do Rio Grande do Sul, uma sociedade civil de pessoas
que querem que a cidadania seja respeitada. Não é uma sociedade de
trambiqueiros, como alguém certa feita me disse: “Para que se preocupar com
isso, Vereador? Quem contrai empréstimo, que pague”. As pessoas não contraem
empréstimo porque gostam de contrair empréstimo e dar calote. Mas sempre tem a
exceção. Caloteiro sempre existiu e sempre existirá, porque sempre há a
exceção, sempre há o desvio. Mas a regra geral é outra. A regra geral é que o
padrão de vida do povo brasileiro diminuiu. Há mil dias, os funcionários
públicos federais não recebem aumento. Nós temos uma estabilidade econômica a
custa da nossa agricultura. O nosso agricultor do interior do Rio Grande do Sul
compra um trator Maxion, da SLC, e vai pagando. Quando vê, pagou o que devia,
mas continua devendo três vezes mais. Essa é a lógica do juro.
Recebi um telefonema há
poucos dias - não vou dar o nome da entidade hoje porque vou atrás; já fui e
constatei que era verídico: 17% de juro. Uma entidade registrada. Mas eu vou
mais a fundo. Eu estou numa missão de ter as coisas por escrito, comprovadas,
para poder vir aqui e mostrar os papéis para que não seja negado. Nós vamos ter
que fazer uma campanha, como já foi feito aqui em Porto Alegre e em outros
lugares. Lembro bem daquela época em que se fazia uma campanha contra a
carestia. Lembro de outras campanhas cívicas. Essa não é uma discussão, como
alguns possam, talvez, imaginar, entre o trabalho e o capital. Aqui está uma
discussão entre a decência e a indecência, entre a moral e a sacanagem. Nós não
podemos aceitar que um funcionário público, no desespero, às vezes, para
comprar um remédio para um familiar na banca da esquina, na curva da sua casa,
enfrente um agiota que lhe obriga a dar um cheque pré-datado, que será
descontado no dia do seu pagamento. Esta é uma situação difícil. Eu gostaria
que as páginas dos jornais desta Cidade refletissem melhor essa agonia, esse
desespero, porque tenho notícias de pessoas que tentaram o suicídio e de dramas
familiares que estão acontecendo diuturnamente.
O Sr. Pedro Américo Leal: V.Exa. me permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Eu acho que V. Exa tem razão. A Bancada do PPB concorda com V. Exa.,
mas o mais importante é que há um estudo científico que diz que 32% dos
recursos da família vão para os gêneros alimentícios – supermercados; a segunda
parcela vai para a moradia. Essa inadimplência já chegou na segunda parcela, o
que é muito sério para o povo brasileiro, pois daqui a pouco atingirá a
primeira parcela, que é a comida. Então, nós lhe damos total apoio e toda a
confiança de que essa é uma tese ponderável.
O SR. ADELI SELL: Obrigado, Ver. Pedro Américo Leal. Alegra-me muito ver a preocupação
dos Srs. Vereadores com esse tema, já que esse não é um problema apenas deste
proponente, mas de toda a sociedade. Temos que fazer um forte movimento para
colocar isso a público, pois as pessoas têm vergonha de dizer que são
devedoras. Elas se constrangem e não querem falar. Mas as pessoas devem falar;
aquilo que está errado deve ser dito. E eu estou aqui, como porta-voz de uma
parte da cidadania da nossa Cidade, para dizer: “Falem, por favor, que nós
vamos denunciar aqueles que usurpam o pouco que as pessoas têm, porque queremos
viver com mais dignidade e ética”. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais oradores para o Grande Expediente, convidamos os Srs.
Vereadores para a reunião conjunta das Comissões.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V.Exa. deveria apenas fazer
a chamada dos Srs. Vereadores nas Comissões para ver se há quórum.
O SR. PRESIDENTE: A Sessão está suspensa para a reunião das Comissões.
(Suspendem-se
os trabalhos às 18h12min.)
O SR. PRESIDENTE (às 18h18min): Verificamos que não há quórum para continuarmos a
Sessão. Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se
a Sessão às 18h18min.)
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